Cinquenta e seis anos depois de organizar uma Olimpíada, Tóquio quer mostrar ao mundo, em 2020, que é a nação mais tecnológica do planeta. O lado tradicional certamente dará as caras, mas o Monte Fuji, as gueixas e os samurais da Terra do Sol Nascente serão coadjuvantes dos desenhos animados, dos videogames e, principalmente, dos robôs do Japão contemporâneo. Quem for aos Jogos de 2020 deve se impressionar com a ampla presença dos autômatos nas ruas de Tóquio. A promessa é que máquinas — muitas delas já existem por lá — espalhadas pelas ruas ajudem os visitantes a todo momento, fornecendo dicas de turismo, diversão, transporte e comida. O governo pretende triplicar os investimentos na indústria do setor até a Olimpíada, visando alcançar o patamar de US$ 21,5 bilhões.

Várias empresas japonesas desenvolvem projetos que podem ser aplicados em 2020. Táxis autoguiados movidos a hidrogênio conectarão os estádios, colares tradutores facilitarão as comunicações, lasers vão capturar os movimentos dos atletas nas competições e até mesmo uma queima de fogos espacial, com meteoritos lançados de satélites artificiais preenchendo os céus nipônicos com estrelas cadentes, é planejada. “Tóquio representa uma oportunidade para mostrarmos nossas inovações tecnológicas”, diz Hikariko Ono, porta-voz da Olimpíada. “Queremos maravilhar o mundo também fora dos esportes.”

Os altos investimentos já preocupam os organizadores. O país não decidiu se quer promover uma Olimpíada luxuosa, com gastos extravagantes como nos Jogos de Sochi (US$ 21,9 bilhões), ou mais comedida, como nos Jogos do Rio (US$ 4,9 bilhões).

Tóquio já possui uma arena, feita para os Jogos de 1964, mas não abre mão de construir uma nova, com design moderno e tecnologia de ponta. O primeiro esboço aprovado havia sido feito pela britânica Zaha Hadid e orçado em estratosféricos US$ 2 bilhões, o dobro do que estava programado. Depois do cancelamento, a proposta de Hadid foi substituída por outra, do japonês Kengo Kuma, com traços mais discretos e US$ 500 milhões mais barata. A mudança fará com que o cronograma seja adiado, mas os organizadores asseguram que tudo estará pronto para o evento. “Nas sociedades modernas, as imagens são fundamentais, e essas grandes obras evocam de forma visual a narrativa que a nação está tentando construir”, afirma Emilio Fernández Peña, diretor do Centro de Estudos Olímpicos da Universidade Autônoma de Barcelona. “Os belos e caríssimos estádios ficam gravados nas mentes dos espectadores do mundo inteiro como símbolos das cidades.”

O estádio principal ficará com as competições de atletismo e futebol, além das festas de abertura e encerramento. Ele será erguido junto de outras sete novas estruturas, que receberão de esportes aquáticos a vôlei. Ficarão ao lado de 19 arenas já existentes e outras sete temporárias. O complexo comportará competições de 15 mil atletas olímpicos e paraolímpicos, ajudando a atrair 40 milhões de turistas anualmente até 2020. Com o impulso dado pela visibilidade dos Jogos, a expectativa é que o número cresça para até 60 milhões de visitantes anuais até 2030. Internamente, a expectativa é que o retorno do evento alcance US$ 300 bilhões, de acordo com o Banco do Japão.

Nem todos concordam que haverá um retorno econômico tão expressivo. “A balança financeira não será favorável”, diz o economista Andrew Zimbalist, professor da Universidade de Smith, nos Estados Unidos, e autor do livro “Circus Maximus”, sobre os custos de grandes eventos. “Tóquio já é uma cidade muito conhecida, portanto a exposição não compensará os altos custos de obras que depois se mostrarão inúteis.” Seja como for, a verdade é que será uma Olimpíada para jamais esquecer.

Como chegar
A partir de São Paulo, a Qatar Airways tem voos diários para Tóquio. Com conexão em Doha, a viagem completa dura cerca de 27 horas

Divulgação

Ingressos
Somente a partir de 2018 eles começarão a ser vendidos. Estima-se que o preço mais barato para as competições será em torno de U$ 50. Nos principais eventos, como a final dos 100 m do atletismo, o valor pode superar US$ 1.000