Cuba tem sete representantes no boxe dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. Todos homens. As mulheres continuam impedidas de praticar o esporte oficialmente na maior ilha do Caribe. Um exemplo de indignação foi a atitude da peso pena Yarisel Ramirez, que se naturalizou americana e competiu, neste sábado, ao ser derrotada pela croata Nikolina Cacic.

Muitas celebridades da nobre arte cubana não entendem o posicionamento do governo. Uma delas é Alcides Sagarra, que treinou lendas como os tricampeões olímpicos Teófilo Stevenson e Félix Savón.

“Nossas mulheres também deveriam ir aos Jogos de Tóquio. O boxe feminino é praticado em todo o mundo, não sei por que ainda não é oficial em Cuba”, disse Sagarra ao site oficial Cubadebate. “É hora de acabar de aprovar isso. A mulher vai para a guerra, monta guarda, dirige; da mesma forma, ela tem direito de boxear. Perdemos tempo, medalhas e a satisfação de ensiná-las a lutar. Espero vê-las no ringue”, afirmou o técnico, de 84 anos.

Desde de 2006, Cuba tem equipes femininas de levantamento de peso e luta livre, mas não autoriza que o boxe feminino seja praticado oficialmente no país. Rumores indicam que Vilma Espín, falecida esposa do ex-presidente Raúl Castro e ex-presidente da Federação das Mulheres Cubanas (FMC), fosse contrária à presença feminina nesta modalidade esportiva.

“Ela achava que as mulheres tinham os mesmos direitos que os homens. Nunca as limitaria. Sempre quis o melhor para elas”, desmentiu Sagarra, responsável pela maioria dos 32 títulos olímpicos, 63 mundiais e 64 títulos juvenis em eventos mundiais.

A Federação Cubana de Boxe anunciou em 2016 a possibilidade de incluir a categoria feminina, mas isso não passou de um projeto.