Uma mulher, residente em Ceilândia, no Distrito Federal, mesma região em que o criminoso Lázaro Barbosa Sousa é suspeito de ter matado quatro pessoas, relembrou momentos de terror que viveu nas mãos dele, quando tinha 19 anos.

Lázaro Barbosa é investigado por matar caseiro quatro dias antes de chacina em Ceilândia

+ Espero que ele se entregue, diz mulher do foragido Lázaro Barbosa

Lázaro Barbosa tem ‘ritual’ e ia matar família feita refém em GO, diz secretário

Em 2009, Lázaro invadiu a casa onde a mulher morava com a família. No dia do episódio, o suspeito estava acompanhado pelo irmão Deusdete. Depois de torturar as vítimas, a jovem foi levada para um matagal. Em entrevista à ÉPOCA, ela falou sobre os momentos em que esteve na companhia dos criminosos.

“Eles estavam vigiando a nossa família tinha uns 15 dias, o Lázaro e o Deusdete. Eles invadiram a nossa chácara umas duas horas da manhã, se não me engano num domingo. Com arma, faca, muita violência. Muito cruéis. Creio serem torturadores natos, agiam há muito tempo. O Deusdete bem mais violento que o Lázaro na época. Subjugava a gente o tempo todo. Batia. Pediu para tirar a roupa, prendeu a gente no banheiro. E simplesmente eles me escolheram, me sequestraram, me levaram para o córrego, para o mato. E lá me violentaram, me xingaram, me bateram com a arma. Muito bárbaros. Não era para estarem soltos”, contou.

A vítima, que não se identificou, afirmou que tinha certeza que morreria nas mãos dos suspeitos. “Foram muito violentos, a todo tempo. Fiquei toda cortada, as pernas cortadas, o corpo cortado no mato porque estava frio, estava molhado o mato, cheio de espinhos. São coisas assim que jamais vou esquecer. Momentos muito cruéis mesmo. Eu tinha certeza que ia morrer porque eles me colocaram perto do córrego, igual como fizeram com a Cleonice, da família Vidal (encontrada morta no dia 12 junho em mais um crime atribuído a Lázaro pela polícia), e ele simplesmente virou a arma para a minha cabeça e falou que ia me matar porque eu tinha  visto o rosto deles. Até então eles não tinham tirado o capuz lá na chácara. Só tiraram para mim, no mato. Então eu tinha certeza que ia morrer“, relembrou.

“Nessa hora comecei a falar de Deus para ele e eu percebia que acalmava ele. Recitei um salmo da Bíblia para ele e eu perguntei para ele a todo tempo: “por que você está fazendo isso comigo? Eu não te fiz nada, eu nem conheço vocês”. E ele só falava que tinha que fazer, que precisava fazer. Ao mesmo tempo que ele tinha um pouco de dó de mim, que não queria me matar, o Lázaro, em outro momento ele já queria agir com violência, me humilhar, me subjugar. Acho que tirar um pouco a minha moral como mulher”, continuou a vítima.

O comportamento agressivo de Lázaro e Deusdete voltou a tona quando escutaram que a polícia estava próxima a eles. “Aí graças a Deus o dia amanheceu, clareou. Aí eu comecei a ouvir barulho de viatura, de carro, de cães, do helicóptero. Aí nesse momento eu tentei acenar com a mão  para o helicóptero. Ali eles ficaram muito nervosos, bem mais violentos. E ele falou que ia me matar. Nessa hora eu perdi todas as esperanças da minha vida. E falei para ele que o sonho da minha vida era ter um filho”, revelou.

“Aí não sei se eles tiveram piedade, não sei o que se passou naquele momento. Só sei que eles mandaram eu dar uns dez passos para a frente e eu dei. E quando eu perdi a conta dos dez passos eu pensei: “ah, eu vou morrer mesmo, eu vou olhar para trás”. E quando eu olhei para trás eles estavam fugindo pelo córrego. Foi muito cruel o que eu passei. E quando eu estava saindo da mata e já estava de encontro com polícia, com helicóptero, com todo mundo, em seguida não acharam ele. Ele foi achado em outra cidade por uma delegada lá em Pirenópolis (Goiás). Fiz reconhecimento. O julgamento foi em 2010. Parece que ficou sete anos na Papuda, aqui no DF, e teve um saidão de Páscoa em 2016 e desde então vem praticando essas violências, essas barbáries. O irmão, Deusdete, morreu há cinco anos, num confronto, não sei se com bandido ou com a polícia”, concluiu a vítima.