Comemora-se neste sábado, 20 de novembro, o Dia Nacional da Consciência Negra, importante marco na luta pelos direitos civis e pelo fim do preconceito em relação às pretas e aos pretos no Brasil – instituído por lei em 2011, o dia escolhido coincide com a data de morte atribuída em 1695 a Zumbi dos Palmares, uma das principais lideranças nas jornadas contra a escravatura no País.

São muitas e são muitos, inegavelmente, as negras e os negros que podem ser escolhidos, neste artigo, para simbolizarem as homenagens que se estendem a todos os demais. Escolhe-se Maria Odília Teixeira, primeira mulher preta a se graduar em medicina na Faculdade de Medicina da Bahia. Foi em 1909. Cinco anos depois, ela também se tornou, na mesma instituição, a primeira professora negra.

O Brasil, então um poço a transbordar discriminação racial (e tal poço segue muito cheio ainda nos dias atuais), atribuía à época algumas doenças à cor da pele — absurdo total, mas vivemos, sim, essa vergonha nacional. Entre as enfermidades, dizia que a cirrose hepática era característica de africanos ou afrodescendentes.

Maria Odília, nascida no Recôncavo baiano, dedicou parte de sua vida a estudos e dissertações científicas mostrando a mentira dessa tese, baseada simplesmente em preconceito e na idiota crença da supremacia branca.

Os negros adoeciam nos anos que imediatamente se sucederam à Abolição da escravatura porque aos escravizados foram negadas porções de terras, nos grandes latifúndios, às quais tinham direito. Nelas iriam trabalhar livremente e, também livremente, teriam moradia e meio de ganharem o seu sustento.

Mas as negras e os negros foram logo marginalizados pela elite política, econômica e intelectual branca, abandonados à própria sorte – nada muito diferente do que se vê ainda hoje nas comunidades localizadas em morros e nas periferias das grandes cidades brasileiras.

É urgente que tramite na Câmara dos Deputados, com velocidade que compense séculos de atraso, o projeto de criação de uma comissão de juristas para a eliminação da discriminação racial no Brasil. É um caminho a mais que teremos para a valorização dos movimentos negros e construção de uma sociedade que possa, de fato, ser chamada de democrática, isonômica, republicana e respeitadora do Estado de Direito.