De Gramado, Rio Grande do Sul (*)

Jakson Follmann iniciou sua palestra no Gramado Summit 2024 entoando ‘Tente outra vez’, de Raul Seixas. Com a voz embargada entre os versos, são pouquíssimas as situações onde a letra de uma música se encaixa tanto em um acontecimento real.

Follmann é um dos seis sobreviventes do acidente do vôo LaMia 2933, que vitimou 71 pessoas da comissão técnica da Chapecoense. Ele ficou 56 dias hospitalizado e precisou da ajuda de médicos brasileiros para não ter a perna completamente amputada.

“Os médicos colombianos queriam aumentar a amputação, mas os brasileiros não aceitaram e bateram o pé”, conta.

Estavam certos. Por ser um atleta de alto desempenho, a amputação abaixo do joelho permitiu uma adaptação completa à prótese.

Hoje cantor e palestrante, revelou que sua nova rotina envolve viagens de avião ao menos uma vez por semana.

“Com o perdão da palavra: eu me c*go de medo”, afirmou, bem-humorado.

Quase oito anos após o fatídico 28 de novembro de 2016, ele confessa que adquiriu algumas manias nas viagens, como sentar perto da janela ‘para ficar sempre de olho’ e se manter atento aos sinais de emergência e segurança dentro do avião.

Follmann diz não se importar quando passageiros percebem sua presença nos voos e fazem brincadeiras: “Eu levo na esportiva, também brinco. Todo mundo conhece a minha história. É um medo que sempre vou ter, mas minha missão é mais importante’”

A missão em questão, segundo o ex-jogador, é usar o palco para transmitir mensagens positivas. Essas mensagens também são repassadas através da música, que ele revelou ser sua verdadeira paixão.

“Eu nunca quis ser jogador de futebol. Eu sempre quis ser cantor. Lá em casa todo mundo canta, minha mãe, minhas irmãs. Nessa minha reconstrução, eu estou procurando viver um pouquinho esse sonho”, conta

Da mesma forma que iniciou a palestra, ele se despediu: com um violão na mão e tirando o sonho da garganta. A mensagem escolhida foi do grandioso Almir Sater. Em sua segunda chance na vida, Follmann segue ‘Tocando em frente’ e emocionando quem testemunhou sua história.