Pesquisas comprovam: empate técnico, decisão por penaltis.
Faltando apenas algumas horas para votarmos na eleição que decidirá nosso próximo presidente, fico imaginando o que deve estar se passando na cabeça dos indecisos.

Depois de tanta propaganda de tantos debates, de tantas mensagens no WhatsApp, bombardeados por fake news e desmentidos, esses pobres coitados devem estar terrivelmente confusos.

Há muitos anos o resultado de uma eleição não terá como consequência definir futuros tão diferentes para o nosso País.

Essa é a eleição mais importante para o Brasil desde o final da ditadura, se você vota em Lula, ou da revolução de 64, se você já decidiu seu voto por Bolsonaro.

Uma eleição que será decidida no VAR.

Uma eleição que, não importa o resultado, já provou que não somos mais um País polarizado. Somos uma Nação dividida.

De cada lado do espectro político estão uns bons 50 milhões de brasileiros, que continuarão ali, nos seus cantos, mesmo depois de eleito o novo presidente.

Descobrimos que somos dois brasis, completamente antagônicos, com um abismo no meio.

E não existe ponte de um Brasil para o outro.

Quem vota em Bolsonaro, não muda para Lula e vice-versa.

A eleição para um novo Brasil acabou na mão dos indecisos

Então, caberá a esses poucos indecisos que restam, decidir qual Brasil seremos a partir de 2023.

Brasileiros com um pé de cada lado do abismo, que não foram capazes até agora de descobrir para que lado vão saltar.

E a decisão fica ainda mais difícil porque, alguns problemas são comuns a ambos os candidatos.

Por exemplo a corrupção. Se de um lado Lula tem o Mensalão e o Petrolão, do outro Bolsonaro tem o orçamento secreto e as acusações de raspadinha.

Oh dúvida cruel.

Em quem votar?

Seremos o Brasil de Lula?

Se fizerem o que fizeram da última vez, teremos mais investimento em Educação, Cultura e uma economia que privilegiará os menos afortunados.

A Justiça, é de se imaginar, terá a independência necessária para o desempenho de suas funções.

Ou seremos o Brasil de Bolsonaro?

Nesse caso, cada brasileiro poderá ter sua própria arma, para se defender da violência.

As pautas sobre o meio-ambiente continuarão dando lugar às pautas da Agricultura e da Pecuária.

A Cultura, terá um novo secretário, oriundo de alguma novela, imagino.

E a Justiça será, quem sabe, absorvida pelo poder Executivo, com um STF predominantemente evangélico.

Oh dúvida cruel.

Em quem votar?

Em Lula, que tem em sua história uma posição política sempre clara e que colocou o Brasil entre as maiores economias do mundo quando foi presidente.

Ou Bolsonaro que assumiu que participaria de um ritual antropofágico. Que não acredita na ciência das vacinas. Que disse que a ditadura (ou melhor, revolução) deveria ter matado mais uns 30 mil “começando por FHC”.

Oh dúvida cruel.

Em quem votar?

Em Lula, que tem uma história junto aos trabalhadores, que liderou um sindicato em meio à ditadura, que fundou um partido que cresceu para ser um dos mais importantes da América Latina.

Ou em Bolsonaro, que passou 29 anos no Congresso e apresentou um único projeto.
Que durante boa parte de seu governo sequer teve um partido.

Oh dúvida cruel.

Em quem votar?

Num presidente que já foi um presidiário?

Ah, não…espere. Esse argumento não vale, porque ambos já foram presos.

Lula, teve seu julgamento anulado e Bolsonaro, preso pelo Exército numa acusação de terrorismo.

A verdade é que não queria estar hoje na pele dos indecisos.

Coisa difícil isso de escolher em quem votar.