A secretaria geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) qualificou nesta terça-feira o governo venezuelano de “ditadura” e denunciou o “recrudescimento da repressão” aos opositores antes de uma grande manifestação contra o presidente Nicolás Maduro, nesta quinta-feira.

Maduro acusa a oposição de planejar um golpe de Estado e ameaça mandar seus dirigentes para a prisão se eles incitarem atos de violência no protesto.

Segundo o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, tais fatos “fazem parte de uma ação sistêmica apoiada em mecanismos de repressão do Estado que violam” as liberdades dos venezuelanos.

“Isto contradiz completamente os princípios e valores democráticos e definem o governo da Venezuela como uma ditadura”, assinalou Almagro, que pediu a Caracas que permita a manifestação “na mais ampla base de liberdade”.

A secretaria-geral da OEA denunciou o “recrudescimento da repressão” contra opositores na Venezuela e informou ter “recebido denúncias que revelam o aumento da repressão e das violações dos direitos humanos”.

“Se pretende criminalizar o protesto, se ameaça inabilitar partidos políticos, se criminaliza a atuação de deputados da Assembleia Nacional e ativistas da sociedade civil”.

Estas ações “deixam sérias dúvidas sobre o interesse do governo venezuelano em um diálogo sério e construtivo para se superar a crise na Venezuela”.

Nesta terça-feira, a oposição venezuelana denunciou a detenção de mais um de seus dirigentes e o ataque a uma sede de partido como parte da “perseguição política” do chavismo diante da marcha para exigir o referendo revogatório do mandato de Maduro.

O líder opositor Carlos Melo, do partido Avançada Progressista, foi detido pela polícia política e permanece “incomunicável na sede” do organismo em Caracas, denunciou o governador do Estado de Lara, Henry Falcón, no Twitter.

O presidente da Assembleia Nacional, o opositor Henry Ramos Allup, também denunciou no Twitter uma “tentativa de incendiar” a sede do partido Ação Democrática (AD) em Cojedes, em uma ação de membros da Frente Francisco de Miranda, ligada ao governo.

Segundo a oposição, estes atos fazem parte de uma “perseguição política” do governo, que acusa a Mesa da Unidade Democrática (MUD) de promover a violência na manifestação da próxima quinta-feira visando derrubar Maduro.

Na segunda-feira, o líder opositor Yon Goicoechea foi detido sob a acusação de carregar detonadores que seriam utilizados durante a manifestação, dois dias após o ex-prefeito e líder opositor Daniel Ceballos ser transferido da prisão domiciliar para o regime fechado, por planejar atos violentos para o protesto.

“Preferimos um milhão de vezes prender terroristas do que ter uma gota de sangue”, disse nesta terça-feira o número dois do chavismo, Diosdado Cabello, em um ato governista em Caracas.