O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, enfrentou duras críticas nesta sexta-feira (16) em Honduras, onde diversos setores o acusam de enfraquecer a luta contra a corrupção empreendida por uma missão do organismo continental, dirigida pelo peruano Juan Jiménez Mayor.

Jiménez renunciou na noite de quinta-feira ao cargo de chefe da Missão de Apoio Contra a Corrupção e a Impunidade em Honduras (MACCIH), argumentando que Almagro se nega a recebê-lo desde agosto.

Consultada em sua sede em Washington, a OEA não se pronunciou imediatamente sobre a renúncia de Jiménez Mayor.

Na véspera, Almagro enviou uma nota ao presidente hondurenho, Juan Orlando Hernández, na qual lamentou que a MACCIH não teve resultados no combate à corrupção.

“Será necessário fortalecer o funcionamento da MACCIH dado que, apesar de ter tido recursos e plena liberdade de ação por parte da Secretaria-Geral, não foi capaz de apresentar resultados sobre investigações e processos por casos de corrupção”, indicou Almagro na carta.

Os comentários foram interpretados em Honduras como críticas diretas ao trabalho do ex-ministro peruano à frente da MACCIH.

O influente Colégio Médico Hondurenho qualificou como “irresponsáveis” as observações de Almagro contra Jiménez e denunciou que “condenam o povo hondurenho à morte”, ao frear o combate à corrupção.

“Erro monumental do secretário-geral da OEA, Luis Almagro, minimizar os esforços e resultados do contingente de especialistas anticorrupção que Juan Jiménez Mayor dirige no país”, afirmou em um comunicado Omar Rivera, membro da não governamental Associação para uma Sociedade Mais Justa (ASJ).

Os problemas da MACCIH se agravaram em dezembro passado, quando, por uma investigação de sua equipe, a procuradoria acusou cinco deputados de receberem dinheiro do governo para financiar projetos sociais, e o desviaram a suas contas pessoais.

Diante disso, em janeiro o Congresso reformou uma lei que retirou da justiça comum as investigações a deputados e as passou ao Tribunal Superior de Contas (TSC), o que Jiménez considerou um “pacto de impunidade”.

“Lamento a renúncia do porta-voz da MACCIH Juan Jiménez Mayor com quem conversamos esta noite (de quinta-feira). O governo de Honduras reafirma seu compromisso com a luta contra a corrupção e a impunidade e seu propósito de continuar fortalecendo seus operadores de justiça”, assegurou o presidente Hernández em sua conta de Twitter.

O ex-procurador Edmundo Orellana lamentou que “o secretário-geral da OEA deixe sozinha a MACCIH, quando constitui uma ameaça real para as elites corruptas do país”.