A secretaria-geral da Organização de Estados Americanos (OEA) informou nesta segunda-feira (17) que apoia a iniciativa do líder opositor venezuelano Juan Guaidó de retomar as negociações com o governo de Nicolás Maduro com vistas a celebrar novas eleições com observação internacional.

O escritório chefiado por Luis Almagro informou que apoia a proposta de Guaidó, a quem considera “presidente encarregado” da Venezuela, “de alcançar um Acordo de Salvação Nacional que permita a redemocratização e a reinstitucionalização” do país sul-americano.

“A situação do país assim o requer”, destacou em um comunicado, acusando a “ditadura” de Maduro de devastar a outrora potência petroleira, e de cometer crimes contra a humanidade contra a população.

A Venezuela atravessa “a pior crise” humanitária, migratória e de corrupção da história da região, acrescentou o texto, denunciando “violações sistemáticas” de direitos humanos, cessão de controle territorial a grupos criminosos na fronteira com a Colômbia e um “ecocídio atroz” no Arco Mineiro do Orinoco.

“O passo dado pelo presidente encarregado deve ser reconhecido e apoiado pela comunidade internacional”, disse a Secretaria da OE sobre a proposta de Guaidó, ao destacar que esforços de diálogo anteriores entre o governo Maduro e a oposição foram “burlados” em sua boa fé “pelo regime”.

A OEA, integrada pelos 35 países americanos – embora Cuba não seja um membro ativo e a própria Venezuela seja representada por um delegado de Guaidó após a saída do bloco do governo Maduro em abril de 2019 -, não reconhece a legitimidade do líder chavista por considerar sua reeleição em 2018 fraudulenta.

Em janeiro de 2019, quando Maduro assumiu um segundo mandato até 2025, a OEA reconheceu a autoridade constitucional da Assembleia Nacional da Venezuela “democraticamente eleita” em 2015 e chefiada por Guaidó. Em dezembro passado, a OEA rejeitou as eleições parlamentares “fraudulentas” com as quais Maduro retomou o controle da Assembleia Nacional.

Guaidó, que tem um índice de aprovação de menos de 20% após o apoio maciço que tinha há dois anos, propôs em 11 de maio retomar diálogos com Maduro, uma mudança com relação ao seu objetivo anterior de tirar o presidente do poder e instalar um governo de transição para organizar eleições “livres e justas”.

Maduro encerrou em agosto de 2019 diálogos patrocinados pela Noruega em repúdio a duras sanções econômicas dos Estados Unidos, principais apoiadores internacionais de Guaidó.

Os Estados Unidos se pronunciaram a favor da iniciativa de Guaidó. “A única solução para esta crise é um acordo integral que conduza a um resultado democrático que os venezuelanos querem e merecem”, tuitou na semana passada Julie Chung, chefe interina da diplomacia americana para a América Latina.

A Venezuela, governada por Maduro desde 2013, vive uma crise social e econômica que, segundo a ONU, forçou nos últimos anos a saída de 5,6 milhões de pessoas do país.