O papo de hoje pode até parecer uma continuação do de ontem — e talvez até seja. E não duvido nada que quando o remake de Vale Tudo estrear, esse assunto ainda volte à tona com ainda mais força. Afinal, estamos falando de Odete Roitman — um dos maiores ícones da teledramaturgia brasileira — e da difícil arte de dizer “não”, seja para um papel, uma expectativa ou até para si mesmo.
Na última terça-feira, dia 25, durante minha participação no podcast Pod Tudo e Mais um Pouco com Flavio Melo e Felipe Folli, comentei sobre o receio que eu teria caso Fernanda Torres tivesse seguido como Odete Roitman nessa nova versão da novela. Vamos combinar: depois de uma temporada gloriosa — com vitória no Globo de Ouro, indicação ao Oscar e aplausos internacionais com Ainda Estou Aqui — seria justo colocá-la sob a sombra de Beatriz Segall? O ato de comparar acaba sendo inevitável.
Disse isso sem imaginar a avalanche de críticas que viriam horas depois sobre a atuação de Deborah Bloch, após a divulgação de uma nova chamada da novela. E isso só reforça meu ponto: Fernanda não precisava se submeter a esse risco. Ela, com delicadeza e sabedoria, disse não.
E como é difícil dizer não… tenho tentado melhorar nisso – com muita leitura e terapia.
Mas como dizem os bons livros, dizer NÃO é libertador. O best-seller Essencialismo, de Greg McKeown, tem uma frase que me acompanha: “Se você não prioriza sua vida, alguém fará isso por você.” Dizer não, não é recusa — é escolha. E Fernanda escolheu preservar um momento de virada na carreira. Escolheu estar inteira para o que era prioridade. Focou nos compromissos internacionais da obra que ela deu vida à Eunice Paiva. Bravo.
Curiosamente, Beatriz Segall — que eternizou Odete Roitman em 1988 — fez algo similar. Após o estrondoso sucesso da vilã, nunca mais quis repetir o arquétipo. Muitos autores tentaram, mas ela respondeu com inúmeros “nãos”. Escolheu novos desafios, personagens com outros temperamentos. Sensata.
Renata Sorrah trilhou o mesmo caminho. Depois de viver a inesquecível Nazaré Tedesco, recusou vilanias semelhantes. Optou por personagens complexos, sim, mas longe do estigma da sua marcante vilã. São decisões que exigem não só coragem, mas clareza de propósito.
Do outro lado do tabuleiro — ou melhor, do outro lado do espelho — temos Adriana Esteves. Corajosa. Incansável. Inesgotável. Depois de Carminha em Avenida Brasil (2012), ela disse sim para mais quatro vilãs nas novelas seguintes: Inês em Babilônia (2015), Laureta em Segundo Sol (2018), Telma em Amor de Mãe (2019) e, agora, Mercia em Mania de Você. Mas, atenção: se você acha que ela está se repetindo, repare de novo.
Personalidades, motivações, níveis de crueldade e densidade emocional totalmente distintas. Adriana, conseguiu se reinventar. Algo raríssimo.
Ah, e nesse meio-tempo, ela ainda emocionou como a sofrida Fátima em Justiça (2016).
E aqui deixo a pergunta que realmente me inquieta — e talvez também provoque você, leitor: em que Brasil essa nova Odete Roitman está prestes a ressurgir? A original surgiu em 1988, num país que ainda tentava entender o que era democracia após a ditadura, com escândalos políticos ganhando as manchetes — e, talvez, nesses quase quarenta anos, isso não tenha mudado.
Mas agora estamos em um país ainda mais polarizado, onde figuras com posturas autoritárias e falas absurdas são idolatradas por muita gente, e onde o cinismo se converte em milhões de seguidores — e de eleitores também. Vivemos uma era em que vilões carismáticos estão virando heróis para uma parcela significativa da população.
Por isso, me pergunto, com certa inquietação: será que a nova Odete, interpretada por Deborah Bloch, será de fato odiada? Ou será defendida, reverenciada… a ponto de terminar a novela com popularidade suficiente para ser eleita senadora da República? Parece piada, mas não é. A linha que separa a icônica vilã de uma liderança popular está cada vez mais borrada. Infelizmente. Mas, não percamos a esperança.
Ainda sobre Vale Tudo
A autora Manuela Dias confirmou que os icônicos bordões estarão de volta no remake. “É lógico que teremos o “mambo caliente” da Heleninha, o “não transo violência” do César e “o Brasil é um país de jecas” da Odete. A novela tem construções e imagens tão marcantes que não faz sentido abrir mão dessas potências”, disse à Folha de S.Paulo.
Ficou de Fora
Uma mudança importante no remake de Vale Tudo: a autora garantiu que cenas de trabalho infantil, como a venda de sanduíches por menores, não estarão presentes. “Hoje isso é inaceitável”, declarou a autora.
Nem a Branca Aguentou
Branca de Neve foi a pior estreia entre os live-actions da Disney. Segundo a Variety, o filme arrecadou US$ 43 milhões e teve apenas 42% de aprovação da crítica. A atriz Rachel Zegler foi criticada por ativismo político, mas o fracasso vai além disso: o longa teve múltiplas refilmagens e não agradou o público.
Noiva em Festa
Giulia Be e Conor Kennedy prestigiaram a inauguração da nova loja da Tiffany & Co. no Teatro Iguatemi, em São Paulo. Em clima de casamento, a cantora usou um vestido branco estilo noiva e compartilhou bastidores de um ensaio especial para a Vogue Portugal. “EU VOU CASARRRR”, vibrou nas redes. Casal lindo!
Curry & Michelle Obama
Stephen Curry, armador quatro vezes campeão da NBA, seu uniu à ex-primeira-dama Michelle Obama para lançar a Plezi, bebida esportiva sem açúcar e com vitamina C. “Nada de truques”, disse Curry. A bebida chega aos EUA em sabores variados como laranja com manga — o favorito do astro.
Famosos na Vibe
Stephen Curry segue o caminho de LeBron James, Logan Paul e Kobe Bryant, que também investem no mercado de bebidas funcionais. A Plezi promete ser uma alternativa saudável no competitivo mercado das bebidas esportivas. Será que o Brasil vai surfar forte nessa onda também?
Meghan criticada
Meghan Markle causou polêmica ao aparecer com os filhos em campanha de sua nova loja online, As Ever. Segundo o Mirror, críticos alegam que a duquesa está explorando a imagem dos herdeiros para promover roupas e joias de luxo. “É cafona e desesperado”, disparou Dickie Arbiter, ex-secretário da Rainha.
William Vem Aí!
O príncipe William visitará o Brasil em novembro para premiar os vencedores do Earthshot Prize — pela primeira vez com ganhadores da América Latina. A premiação ambiental, que distribuirá £1 milhão por projeto, ocorrerá durante a COP30.
Prada na era da IA
A Prada lançou um perfume com fragrância criada com inteligência artificial. O Prada Paradoxe Virtual Flower traz uma molécula que simula o exato instante do florescer do jasmim. A campanha une IA, diversidade e influenciadoras digitais brasileiras.
Até amanhã!