Sério.

Essa porra é mais invasiva que corretor de imóvel.

É uma espécie de agulha na minha bolha de privacidade.

Puf.

Adeus solidão.

E não satisfeito em invadir minha vida, ainda faz um relatório para o infeliz que mandou a mensagem.

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Diz se estou online, desde quando, se já li a mensagem ou não, a cor da cueca, saldo bancário, CPF e RG.

Não é certo isso.

Mas pior que o WhatsApp são seus usuários.

Porque para cada passo que a tecnologia avança, as pessoas voltam dois passos.

Gente que chama de ZapZap tenho nojo.

Bloqueio.

– Me manda um ZapZap?

– Não sei o que é isso.

– ZapZap, porra, o programinha.

– Não sei, não tenho e por favor vá embora.

Gente que cobra.


– Por que você não me responde?

– O que?

– O ZapZap.

– Não recebi.

– Recebeu sim. E já leu. Ontem, 9:32 da noite. Você leu, digitou duas letras, desistiu de enviar e ficou online mais 19 minutos provavelmente falando com outra pessoa.

Oi?

Recebi. Li.

Mas não respondi, sabe por que?

Porque eu não quero dialogar na hora que você quer.

Quero dialogar na hora que eu quero.

My life, my rules.

Gente que só lê o último balãozinho.


Você: Acho que temos que rever a meta de vendas.

Você: Ou falar com o Marketing.

Você: Precisamos aumentar a receita.

Você: O diretor está nos cobrando.

Ele: Cobrando o que??

Como essa gente fazia prova de múltipla escolha?

Era tudo “e) Nenhuma das Anteriores”

E os que que só usam emoji?

Uma linha com animais da fazenda, um sol e um guarda-chuva.

Tento decifrar.

“Uma galinha, um porco e uma vaca estão tomando sol na chuva????”

Os que repetem exclamações e interrogações.

– Você falou isso para ela??????????????

– Falei.

– Ce é loco!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Mas não satisfeitos, em infernizar por escrito, tem os que mandam mensagens de voz.

Mensagens de três minutos.

Monólogos mais chatos que peça do Gerald Thomas.

Durmo antes do fim da primeira mensagem.

E grupo de WhatsApp, então?

Nossa.

É a mesma coisa, só que atacam em matilhas.

Do nada, seu telefone começa a apitar porque os outros resolveram conversar.

Grupos com milhões de pessoas que você perde uma manhã para entender sobre o que estão falando.

Gente que manda mensagem para o grupo errado.

Você está lá no grupo do Médicos Sem Fronteiras e o sujeito manda um vídeo de duas japonesas transando em cima de um dromedário.

– Ops…desculpe. Grupo errado.

Silêncio.

Já desinstalei várias vezes.

Não adianta.

Não ter WhatsApp encerra sua vida social.

Melhor ter lepra do que não ter WhatsApp.

É isso.

Pela atenção, obrigado.

Semana que vem, não percam a palestra:

“Snapchat, como lidar quando sua vida não interessa a ninguém.”


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