O empresário Marcelo Odebrecht, preso por corrupção no Brasil, admitiu que sua empresa contribuiu financeiramente no Peru com as campanhas presidenciais de Keiko Fujimori e da candidata do Partido Aprista, Mercedes Aráoz – de acordo com o site IDL-Reporteros.

O empresário fez essas revelações diante de um procurador peruano que o interrogou em Curitiba na última segunda-feira (15), acrescentou o IDL-Reporteros, que integra a rede de veículos de comunicação que investigou os chamados “Panama Papers”.

Marcelo Odebrecht disse ter colaborado com a campanha presidencial de Keiko e da candidata do Apra, Mercedes Aráoz, hoje a segunda vice-presidente do governo de Pedro Pablo Kuczynksi. Ambas concorreram em 2011.

Naquela eleição, venceu Ollanta Humala, a quem a Odebrecht disse ter entregue US$ 3 milhões, também para sua campanha. Humala nega a acusação.

Segundo o IDL-Reporteros, Marcelo Odebrecht assegurou que quem pode confirmar suas afirmações com provas é Jorge Barata, então representante da empresa brasileira no Peru.

Líder da oposição Força Popular, Keiko Fujimori negou as acusações.

“Eu não conheço o senhor Marcelo Odebrecht e não recebi soma de dinheiro de empresa brasileira alguma”, escreveu no Twitter a filha do ex-presidente Alberto Fujimori, condenado por crimes de corrupção e contra a humanidade.

A ex-candidata à Presidência contou que conheceu o representante da Odebrecht no Peru em 2011, quando expôs seu plano de governo a um grupo de empresários.

“O Força Popular tampouco recebeu financiamento de empresas brasileiras. Que fique bem claro!”, frisou.

Ministra do segundo governo de Alan García, Mercedes Aráoz também negou as acusações. Ela lembrou que ficou pouco tempo na campanha, após renunciar por divergências internas. Explicou que o dinheiro foi administrado pelo tesoureiro do Apra, partido que a convidou como candidata.

A Odebrecht assegura ter gasto US$ 29 milhões no Peru entre 2005-2014 para ganhar licitações de obras públicas. Esse período contempla os governos de Alejandro Toledo, Alan García e Ollanta Humala.

Para participar do interrogatório, o empresário colocou como condição que sua empresa não fosse processada no Peru, pois ele já havia assinado um acordo de leniência, ou indulgência, com a Justiça brasileira. Diante da solicitação, a procuradora Janet Briones desistiu de participar do interrogatório, informou o jornal Peru 21 nesta sexta-feira (19).