A Dior homenageou, nesta terça-feira (27), sua “miss” – uma criação dos anos 1960, quando “a moda saía do ateliê para conquistar o mundo” – com um desfile nostálgico, ao som de “Je t’aime, moi non plus”, da dupla Jane Birkin/Serge Gainsbourg.

A primeira modelo surgiu com terno bege e sóbrio, com a logo “Miss Dior”, estampada com pincel grosso.

Jane Birkin e Serge Gainsbourg “foram e vieram” nos ouvidos do público – cerca de uma centena de pessoas, reunidas em um cubo efêmero nos jardins das Tulherias, com cenografia da artista indiana Shakuntala Kulkarni.

Na primeira fila, a cantora sul-coreana JISOO, da Blackpink, que atraiu centenas de fãs à Praça da Concórdia, além da superestrela da música espanhola Rosalía, e das atrizes hollywoodianas Jennifer Lawrence e Natalie Portman.

Mistura de estilo burguês e refinado, aliado à fantasia de cores e tecidos, a coleção é uma longa revisita a todas as peças do repertório, do ‘trenchcoat’ ao vestido, passando pelo tweed, a roupa inspirada na lingerie e no denim mais urbano, além da estampa de leopardo.

As cores do desfile – branco, laranja, bege e dourado – retomaram a paleta de Marc Bohan, diretor criativo da Dior por 25 anos, falecido em setembro.

A estilista Maria Grazia Chiuri, à frente da criação artística das coleções femininas da Christian Dior desde 2016, quis homenagear esta “Miss Dior”, uma guinada cultural e comercial realizada pela icônica casa de moda do pós-guerra.

Foi em 1967, dez anos depois da morte do “Monsieur Dior”, que a casa de alta costura se aventurou fora dos salões fechados da avenida Montaigne para se lançar no prêt-à-porter, inaugurando a era da “reprodutibilidade” dos modelos, agora com a logo Dior.

A coleção se chamou “Miss Dior” e, meses antes de maio de 1968, se arriscou com peças femininas com toques psicodélicos, curtas, atrevidas, capazes de fazer sonhar uma nova geração de mulheres independentes.

A “Miss” não é nada mais, nada menos, que a irmã de Christian Dior, Catherine, membro da resistência que voltou do campo de concentração de Ravensbrück, cujo destino pouco conhecido é levado à tela neste momento na série “New Look”, na Apple TV.

A produção americana, filmada em inglês, aborda não apenas o personagem do estilista (interpretado pelo ator australiano Ben Mendelsohn), mas também o destino de sua irmã, Catherine, interpretada por Maisie Williams (“Game of Thrones”).

– Jogo da transparência –

A Saint Laurent optou por brincar com as transparências em sua coleção outono/inverno. Graças a um time de modelos maquiadas e penteadas de forma parecida, a marca francesa apresentou uma coleção homogênea, com tons que variavam do cinza ao ocre.

O público assistiu a uma abundância de vestidos e saias justas de seda, que revelavam a pele. Em meio ao ambiente vaporoso, houve um retorno aos clássicos: um terno marrom masculino e um casaco de plumas de marabu.

Clássico também foi o desfile do casal Victoria e Tomas, preparado como uma homenagem ao “savoir faire” dos artesãos. Inspirado na escultura “O Beijo”, de Auguste Rodin, ele contou com detalhes com nós e lenços integrados aos vestido, que faziam referência à obra.

“O Beijo é um equilíbrio entre algo muito pesado e frio, como o mármore, e algo quente e rápido, como o movimento”, explicou Victoria Feldman à AFP.

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