A Oceânica Engenharia, até então um nome que não aparecia nas listas de potenciais aberturas de capital em 2024, pode quebrar o “jejum” de ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) na B3. A Bolsa está sem estreias de novas companhias desde agosto de 2021.
A empresa comunicou nesta quarta-feira, 17, oficialmente, sua intenção de fazer um IPO e pode vir a mercado nesta primeira metade de 2024. O valor da transação ainda não está certo, mas a estimativa é que movimente ao menos R$ 1 bilhão, nível que começa a ser atrativo para captar investidores estrangeiros.
A Oceânica planeja usar uma inovação trazida pelas novas regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o registro automático, que dá mais agilidade para as operações. Desde janeiro de 2023, é possível fazer ofertas sem o registro na CVM, desde que já tenham tido análise pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
A Anbima já faz, em caráter reservado, uma análise dos documentos da Oceânica. Se tudo estiver correto, basta juntar uma lâmina de apresentação e o prospecto, e a distribuição dos papéis pode começar.
A oferta terá uma parte primária, com emissão de novas ações e onde o dinheiro vai para o caixa da empresa, e outra parte secundária, com recursos para os acionistas – no caso, o empresário Alfredo Califfa, que detém 100% da empresa.
Na primeira divisão do contrato, o dinheiro captado será usado para “aquisição e customização de embarcações, aquisição de máquinas e equipamentos, e aumento da posição de caixa da companhia”, segundo o comunicado da operação.
Fundada em 1978 por Califfa, que no começo de sua carreira foi mergulhador profissional, a empresa se especializou em soluções submarinas para a indústria de energia offshore, aproveitando justamente a experiência do empresário no fundo do mar.
No começo, a Oceânica atendia principalmente hidrelétricas e instalações portuárias, para depois evoluir para o setor de petróleo. Atualmente, tem mais de 200 mergulhadores profissionais.
A Oceânica teve receitas de R$ 684 milhões de janeiro a setembro de 2023, crescimento de 40,1% em 12 meses. O lucro líquido foi de R$ 19 milhões. O endividamento líquido da empresa estava em R$ 564,8 milhões ao final do terceiro trimestre do ano passado.
Para coordenar o IPO, a Oceânica contratou BTG Pactual, Itaú BBA, UBS BB, Bradesco BBI, Santander e o ABC Brasil.