Os países ricos “provavelmente” cumpriram em 2022 a promessa de repassar às nações vulneráveis a quantia de 100 bilhões de dólares (486 bilhões de reais) por ano para combate a mudança climática, dois anos após a data fixada, anunciou nesta quinta-feira (16) a OCDE.

Em 2021, o financiamento climático chegou a 89,6 bilhões de dólares (R$ 436 bilhões) e, “segundo dados preliminares ainda não verificados, parece provável que o objetivo tenha sido alcançado” em 2022, explicou a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE), que monitora a contabilidade oficial desta promessa financeira.

Em 2009, os países mais ricos se comprometeram a transferir US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020 às nações em desenvolvimento para a transição energética, a mitigação e a adaptação do aquecimento do planeta.

O não cumprimento do objetivo no prazo previsto prejudicou a confiança mútua nas negociações internacionais sobre o clima.

A próxima conferência da ONU sobre mudanças climáticas, que acontecerá entre 30 de novembro e 12 de dezembro em Dubai, terá com um das principais metas o financiamento da gigantesca transformação da economia mundial.

Mathias Cormann, secretário-geral da OCDE, afirmou que os países em desenvolvimento precisarão gastar quase um trilhão de dólares por ano em investimentos climáticos até 2025. Os compromissos devem aumentar gradativamente e alcançar 2,4 trilhões a cada ano entre 2026 e 2030.

“As finanças públicas só podem contribuir parcialmente com as necessidades enormes”, disse Cormann.

Os doadores internacionais serão cruciais para aumentar o financiamento.

Cormann afirmou que atualmente as finanças dos países ricos não são suficientemente efetivas para atrair investimentos e financiamentos adicionais do setor privado.

O financiamento centrado na adaptação que os países devem adotar para a preparação para uma série de crescentes impactos climáticos está particularmente atrasado.

As medidas de adaptação incluem a construção de defesas na costa ou auxílios aos agricultores para que consigam resistir a inundações, secas e outros eventos climáticos extremos cada vez mais intenso.

– ‘Estagnação’ –

Muitas economias em desenvolvimento, com menos responsabilidades nas emissões de gases do efeito estufa que provocam o aquecimento global, estão entre as mais expostas aos efeitos caros e destrutivos das condições climáticas extremas e ao aumento do nível do mar.

Os líderes mundiais que se reunirão para as negociações climáticas nos Emirados Árabes Unidos precisarão alcançar um equilíbrio difícil sobre a solidariedade financeira entre poluidores ricos e as nações vulneráveis, uma vez que o fracasso na redução das emissões que provocam o aumento da temperatura do planeta ameaça os limites do aquecimento global que foram estabelecidos no Acordo de Paris em 2015.

A adaptação é uma prioridade crucial para os países em desenvolvimento e os governos ricos prometeram dobrar o financiamento para a adaptação até 2025, a US$ 40 bilhões por ano.

Mas à medida que a temperatura aumenta, os impactos da mudança climática e os custos também aumentam.

No início do mês, um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) destacou que o financiamento anual total que os países em desenvolvimento precisam para a adaptação aos impactos climáticos nesta década subiu para 387 bilhões de dólares.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, alertou na ocasião que as ações estavam “estagnadas”.

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