Obras roubadas em SP podem valer cerca de R$ 1 milhão, dizem especialistas

Segundo a PM, dois homens armados entraram na Biblioteca Mário de Andrade, renderam os seguranças, levaram as obras e fugiram.

Reprodução/Secretaria de Cultura de SP
Foto: Reprodução/Secretaria de Cultura de SP

O valor estimado das gravuras dos artistas Candido Portinari e Henri Matisse, roubadas da Biblioteca Mário de Andrade, no Centro de São Paulo, no último domingo, 7, varia de R$ 700 mil a R$ 1 milhão, segundo especialistas ouvidos pelo Estadão.

Segundo a Polícia Militar, dois homens armados entraram no local por volta das 10h, renderam os seguranças, levaram as obras e fugiram. O sistema de monitoramento Smart Sampa, da Prefeitura, registrou a fuga.

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A polícia prendeu nesta segunda-feira, 8, um dos suspeitos, identificado após análise de câmeras de segurança. Ainda de acordo com a polícia, as obras de arte roubadas e um segundo suspeito ainda não foram encontrados.

As obras pertenciam à exposição “Do livro ao museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade”, que estava no seu último dia de exibição.

As oito gravuras de Henri Matisse, da célebre série “Jazz”, valem entre US$ 5 mil e US$ 15 mil dólares cada (totalizando R$ 650 mil). Já os cinco desenhos do modernista Candido Portinari, ilustrações do livro Menino de Engenho, de José Lins do Rego, publicadas no fim da década de 1950, chegariam a US$ 2 mil a US$ 3 mil cada (somando R$ 80 mil).

Essas avaliações, consideradas como conservadoras por especialistas, estão alinhadas às estimativas do Art Loss, um banco de dados de obras de arte roubadas e perdidas, com sede em Londres. Os valores da plataforma são baseados em vendas dos artistas nos últimos cinco anos.

Outras estimativas apontam que as obras, juntas, podem representar um prejuízo de R$ 1 milhão – a Prefeitura de São Paulo ainda não divulgou a avaliação oficial.

Todos os especialistas afirmam que os valores são variáveis e que podem ser diretamente influenciados pelo estado de conservação das peças. Neste caso, o impacto do roubo, divulgado em todo o País, também pode comprometer eventuais avaliações de receptadores.

Os valores do seguro são sigilosos por contrato e não podem ser divulgados, de acordo com o MAM, parceiro da realização da mostra.

O pesquisador e curador em artes Fabrício Reiner considera que o roubo traz danos que vão muito além do valor de mercado das obras. “Esse tipo de roubo tem impacto simbólico que é impossível de ser avaliado em todo o mercado de arte. É a subtração de um patrimônio, de um bem público, de forma acintosa em uma biblioteca pública à luz do dia”, diz o especialista.

A Secretaria de Cultura ressaltou que as peças “possuem valor cultural, histórico e artístico, não sendo passíveis de mensuração exclusivamente econômica”.

A Prefeitura de São Paulo informou que notificou a Interpol para impedir que as 13 gravuras saiam do País. A Interpol possui um aplicativo e um banco de dados global, que são utilizados para identificar e recuperar obras de arte roubadas.

Um suspeito preso

A Polícia prendeu nesta segunda-feira, 8, um dos suspeitos do crime. Felipe dos Santos Fernandes Quadra, de 31 anos, foi detido em uma casa na Mooca, zona leste da capital paulista, após ser localizado por equipes da 1ª Cerco (Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas).

O outro suspeito de envolvimento no roubo segue foragido e não teve sua identidade revelada.