11/04/2022 - 12:03
“Monet À Beira D’Água” é o nome da nova exposição imersiva com obras de Claude Monet, um dos grandes mestres do Impressionismo. Ela está no Rio de Janeiro, mas deve ir para outras oito capitais após 12 de junho, além de Estados Unidos e países da Europa e Ásia.
A exposição multimídia é um misto de luz, arte, cor, música e formas, projetadas no chão e nas paredes, dando ao visitante a sensação de estar dentro das obras do pintor. Achei boa a ideia dos organizadores de instalá-la em uma área de 2 mil metros quadrados do Boulevard Olímpico, na região portuária do Rio, perto do mar, uma das paixões de Monet.
A viagem imaginária acontece a partir de cerca de 300 pinturas, que estão sendo apresentadas em sequências de animações digitais 2D e 3D, formando oito narrativas audiovisuais para enfatizar diferentes temáticas da obra do mestre impressionista: Uma Viagem de Trem; Campos e Moinhos; O Mar e a Luz; Passeio pelo Lago; Arquitetura do Tempo; Horizonte Nevado; Paisagens “en vert” e Flores de Tinta.
A água é o tema central da exposição, com imagens de rios, mares e lagos. O pintor cresceu à beira-mar, morou muitos anos em Le Havre e, depois, em Giverny, um charmoso vilarejo francês perto de Paris. Monet viveu por lá durante décadas. Alugou e depois comprou uma propriedade onde construiu um dos jardins mais bonitos do mundo, com direito a uma casa deliciosa, uma ponte de estilo japonês e a um lago, resultado de um desvio que fez no curso das águas do rio Epte. A passarela japonesa e os nenúfares tornaram sua companhia e foram temas de muitas obras. Hoje, o local permanece preservado graças à Fundação Monet.
Na França da época, todos os artistas pintavam em seus estúdios, muitas vezes com luzes de vela por conta da falta de luminosidade. Monet foi motivado por seu amigo e mentor, Eugène Boudin, a experimentar a pintura ‘en plein air’, ou seja, ao ar livre. Sair de casa para explorar a natureza, com diferentes luminosidades, deixou Monet maravilhado e motivado para testar vários jogos de luzes.
Entre as principais obras de Monet presentes na exposição estão as séries da Estação Saint-Lazare (1877), da Catedral de Rouen (1893), do Lago das Ninfeias (1895-1926), do Palácio de Westminster (1904) e do Grand Canal de Veneza (1908). Monet gostava tanto de água que chegou a ter um barco estúdio (um ‘bateau-atelier) a partir do qual pintou muitas obras com cenas de água. Quem o motivou para ter esse ateliê flutuante foi Charles-François Daubigny, um pintor da charmosa cidade de Barbizon e que se mudou para um barco.
A parte tecnológica da exibição segue o mesmo caminho das grandes exposições imersivas internacionais. Mistura projetores, computação gráfica, programação RV, design de som e programas variados para criar uma experiência multissensorial em 360 graus. Cada pintura foi retrabalhada digitalmente e animada, quadro a quadro, para formar os filmes que são projetados.
Monet dizia que a pintura deveria mostrar o reflexo da luz em um determinado momento, sempre lembrando que as cores da natureza mudam todos os dias, conforme a incidência do sol. Seus quadros são como fotos veiculadas em mídias sociais, com o uso diferentes filtros e cores, fazendo com que cada resultado seja completamente diferente dos anteriores. Monet praticamente não misturava tons. Usava cores puras e conseguia diferentes tonalidades com pequenas pinceladas e sobreposição. Mostrava paisagens e objetos sem fazer contornos, com sombras luminosas e coloridas, gerando uma impressão visual muito impactante. O preto quase não existe nessas pinturas, enquanto um amarelo próximo a um violeta cria um efeito mais real do que um claro-escuro muito utilizado pelos pintores acadêmicos da época. Olhar para seus quadros é como sentir a natureza na plenitude. Monet jamais parou de pintar. A conexão com a natureza ultrapassava qualquer obstáculo, inclusive a perda de visão decorrente de uma catarata que teve no final de sua vida.
Ingressos pela essa exibição estão disponíveis em www.ingressorapido.com.br/monet. Se desejar saber mais sobre um artista ou se tiver uma boa história para compartilhar, aguardo sua mensagem pelo Instagram Keka Consiglio, Facebook ou no Twitter.