01/02/2019 - 17:12
PARIS, 01 FEV (ANSA) – O projeto para a construção de uma linha de trem de alta velocidade entre Turim, na Itália, e Lyon, na França, voltou a causar tensão no governo italiano nesta sexta-feira (1º), com a visita do ministro do Interior e vice-premier Matteo Salvini a um dos canteiros do ramal ferroviário, em Chiomonte, a poucos quilômetros da fronteira.
A obra é alvo de críticas do partido antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), que governa a Itália em aliança com Salvini e também está no poder em Turim, com a prefeita Chiara Appendino.
Segundo o M5S, o custo do projeto não compensa os benefícios.
Mas, na visão de Salvini, a Itália deve seguir com a obra. “Se voltar atrás custa tanto quanto seguir em frente, eu prefiro seguir em frente”, declarou o ministro em Chiomonte, em referência aos custos de um eventual rompimento de contratos.
“Estão fazendo muitos túneis nos Alpes. Todos estão seguindo em frente, nós seremos os únicos parados”, acrescentou. Salvini ainda disse que 25 quilômetros já foram escavados na montanha e que é mais útil “completar [os túneis] ao invés de preencher os buracos”. Ainda assim, ele defendeu uma revisão nas despesas com o projeto.
Sua visita a Chiomonte, contudo, foi criticada pelo M5S, a começar pelo líder do partido, o ministro do Trabalho e vice-premier Luigi Di Maio. “Não vou a Chiomonte porque ali não foi escavado um só centímetro. Há apenas um túnel geognóstico. A despesa com o TAV [trem de alta velocidade] pode muito bem ser direcionada para o metrô de Turim”, disse.
Já o vice-ministro das Relações Exteriores Manlio Di Stefano, também do M5S, acusou Salvini de “mentir” ao falar que a obra já está em curso. “Salvini não foi ver nenhum canteiro, mas sim um buraco de cinco metros. Não se pode fazer campanha eleitoral sobre esse tema”, declarou.
O diretório do M5S em Turim ainda divulgou uma nota acusando o ministro do Interior de “usar uma passarela e seu papel para fazer inúteis provocações”. A França, por sua vez, afirmou que está “verdadeiramente empenhada no projeto” e que a obra deve “ir até o fim”.
O governo italiano encomendou uma análise do custo-benefício da linha de alta velocidade, mas ainda não divulgou seus resultados. A Itália gastará cerca de 3 bilhões de euros com o projeto, o que equivale a 35% do orçamento total. Outros 40% virão da União Europeia, e 25%, da França.
Os defensores da obra dizem que a linha atual entre Turim e Lyon está obsoleta e é pouco atrativa financeiramente, uma vez que possui um traçado muito sinuoso. Por outro lado, os críticos alegam que a conexão atual foi modernizada recentemente e é subutilizada. (ANSA)