São muitos os objetos que podem despertar o olhar de um comprador. Fãs de bebidas, carros, moedas e celebridades sempre foram os tradicionais participantes de leilões que não envolvem as tradicionais obras de arte, mas isso está mudando. Sem a necessidade de frequentar presencialmente um leilão, peças como autógrafos, garrafas centenárias de uísque e até uma das primeiras antologias do escritor William Shakespeare podem receber lances por parte de qualquer indivíduo cadastrado nas principais casas de leilões do mundo. A americana “Julien’s Auctions” vai homenagear a cantora e compositora britânica Amy Winehouse com um leilão repleto de itens pessoais da artista, morta em 2011, aos 27 anos.

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Vestidos, sapatos, jóias e acessórios que eram sinônimos de sua personalidade serão apresentados pela primeira vez com o objetivo de arrecadar dinheiro para a Fundação Amy Winehouse, que atua em diversas causas sociais. O evento ocorrerá entre os dias 6 e 7 de novembro e até lá as peças serão expostas em diversos países, como Estados Unidos, Chile e Inglaterra. Mas já é possível dar uma espiada no catálogo que contém uma das bolsas favoritas de Amy. Em formato de coração e criada exclusivamente para ela pela grife Moschino, terá como lance inicial a bagatela de U$ 20 mil (R$ 100 mil).

Brincadeira de rico

Para não perder nenhum objeto interessante, o segredo é simples, basta acompanhar os sites oficiais de lugares como a já citada Julien’s, Christie’s e Sotheby’s. Porém, grandes itens às vezes escapam de leiloeiros famosos e vão parar em pequenas instituições, como foi o caso do par de óculos usado pelo líder indiano Mahatma Gandhi, leiloado em outubro na cidade de Bristol, na Inglaterra. Com lance inicial de 15 mil libras, foi vendido por 260 mil libras (R$ 2 milhões). Para o leiloeiro James Lisboa a explicação é simples: “Há muito dinheiro no mundo e poucas coisas para comprar quando se é um bilionário que já tem tudo. Gandhi foi um personagem histórico conhecido fisicamente por sua túnica, cajado e o par de óculos redondos, então ter esse objeto é fazer parte da vida de Gandhi”, diz.

O mercado de leilões de itens históricos como esse ainda não decolou com força no Brasil, pois não há público e também pouco acordo com quem faz o leilão e quem está disposto a vender. “Uma vez fui abordado por uma pessoa que queria vender uma camisa da seleção brasileira de 1958, autografada por jogadores da época, mas decidi que não valia a pena realizar o leilão”, diz. O que acontece é que os possuidores de relíquias geralmente colocam um valor afetivo muito alto em seus itens, o que não deixa margem para o leiloeiro ou ainda se corre o risco de nem atingir um lance mínimo.

A arma usada por Sean Connery no filme “007 Contra o Satânico Dr. No”, um dos primeiros filmes da série, foi arrematada em outubro por U$ 250 mil (R$ 1 milhão). O comprador foi um fã do agente secreto que preferiu se manter anônimo. Já na Escócia, em fevereiro, uma única garrafa de uísque Macallan, de 1926, saiu por 1 milhão de libras, (R$ 7 milhões).Mas a cereja do bolo da temporada foi um livro, um compilado das primeiras obras impressas de William Shakespeare, de 1623. Acredita-se que seja um dos seis exemplares existentes e foi vendido em Nova York por U$ 10 milhões (R$ 50 milhões). Será que vale a leitura?