RIO DE JANEIRO, 30 MAI (ANSA) – Por Patrizia Antonini – “O acordo União Europeia-Mercosul sempre foi uma boa ideia, mas agora é mais importante do que nunca”, disse o presidente do Conselho Europeu, António Costa, que concedeu em uma entrevista à ANSA suas reflexões sobre o acordo que após mais de 20 anos de negociações, pode ter uma conclusão definida nos próximos meses.
A meta “é assinar [o acordo] em dezembro, durante a cúpula do Mercosul em Brasília”, afirmou. Um acordo que, no atual cenário geopolítico, com a guerra comercial desencadeada pelas tarifas americanas, “também envia uma mensagem mais ampla ao mundo: o comércio deve ser usado para construir pontes e prosperidade, em vez de muros e pobreza”, acrescentou Costa.
Para se aproximar do objetivo da assinatura e referendá-la como um seu sucesso, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, decidiu fazer “um esforço pessoal” e, na próxima semana, quando estiver em Paris de 4 a 9 de junho, irá abordar o assunto com seu amigo Emmanuel Macron, conforme confirmaram fontes diplomáticas em Brasília, a fim de mediar e remover os últimos obstáculos.
Ilustrando a situação do acordo na UE, o presidente do Conselho Europeu explicou: “Neste momento, a Comissão está finalizando a tradução” do texto de dezembro para os 24 idiomas oficiais. “Entre junho e julho, o acordo será enviado ao Conselho, que então terá que decidir se autoriza ou não a assinatura”, falou.
“O nosso objetivo é tentar chegar a um acordo durante o semestre dinamarquês, na segunda metade do ano, com a assinatura do acordo que poderá ocorrer em conjunto com a cúpula do Mercosul, a ser realizada em dezembro, em Brasília. No entanto, após 20 anos de negociações, não seria um problema se o processo demorasse um pouco mais”, observou Costa.
“O acordo UE-Mercosul irá criar a maior área de livre comércio do mundo, abrangendo 720 milhões de pessoas e 20% do PIB [Produto Interno Bruto] global”, disse o presidente do Conselho Europeu.
“Isso trará enormes benefícios para nossas empresas e cidadãos. O saldo geral do acordo é extremamente benéfico para ambas as partes e representa uma virada de chave para as nossas economias. É uma oportunidade histórica para ambos os blocos aumentarem o dinamismo de nossas relações comerciais e de investimentos”, comentou Costa, acrescentando que ” [o acordo] também destaca a necessidade de uma ordem internacional baseada em regras e apela à cooperação multilateral para enfrentar os atuais desafios”.
“Mas a UE não está apenas a estreitar laços com os países do Mercosul”, afirmou o ex-primeiro-ministro português, antes de concluir: “Estamos negociando acordos comerciais com muitos outros parceiros. Nos últimos meses, tivemos cúpulas com a África do Sul e a Ásia Central e, em junho, realizaremos uma com o Canadá. Em julho, estão previstos encontros com a China e o Japão e estamos procurando datas para nos reunirmos com a União Africana. E, em novembro, na Colômbia, será realizado o vértice UE-Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos”.
(ANSA).