O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse nesta sexta-feira (19) à AFP que os esforços para limitar o aquecimento climático a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais estão falhando, enquanto a ONU se preparava para sediar um evento da semana do clima.
As metas climáticas para 2035 dos países que assinaram o Acordo de Paris, também conhecidas como Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC, na sigla em inglês), eram inicialmente esperadas há vários meses.
No entanto, as incertezas relacionadas às tensões geopolíticas e às rivalidades comerciais desaceleraram o processo.
“Estamos à beira do colapso desse objetivo”, disse Guterres à AFP. “Precisamos absolutamente que os países apresentem (…) planos de ação climática que estejam completamente alinhados com 1,5 grau (Celsius), que abranjam toda a sua economia e todas as suas emissões de gases de efeito estufa”, acrescentou.
Para Guterres, “é essencial uma redução drástica das emissões nos próximos anos se quisermos manter viva a meta de 1,5 grau Celsius”.
A menos de dois meses da COP30 em Belém, no Pará, dezenas de países têm demorado a anunciar seus planos, em particular a China e a União Europeia, considerados cruciais para o futuro da diplomacia climática.
Os esforços para enfrentar o impacto do aquecimento global causado pelo ser humano foram relegados devido às inúmeras crises nos últimos anos, incluindo a pandemia de covid-19 e várias guerras.
As Nações Unidas esperam que a cúpula climática copresidida na quarta-feira em Nova York por Guterres e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja uma oportunidade para revitalizar os esforços antes da COP30.
Guterres disse que está preocupado com o fato de que as NDCs, ou planos nacionais de ação climática, possam finalmente não apoiar o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais.
“Não se trata de entrar em pânico. Trata-se de ser determinado, de colocar toda a pressão sobre os países”, apontou.
Manter o aquecimento global a 1,5ºC em comparação com a era pré-industrial é o objetivo mais ambicioso do Acordo de Paris de 2015.
Segundo a ONU, 2024 foi o ano mais quente já registrado.
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