Mundo/Sociedade  2008

No dia em que Barack Obama foi eleito, em 4 de novembro de 2008, a jornalista e palestrante Alexandra Loras, 39 anos, diz que se tornou outra pessoa, até mesmo na forma de caminhar. “A eleição de Obama trouxe uma dimensão histórica de empoderamento para os negros fenomenal”, diz Alexandra, que também foi apresentadora de TV em Paris e, por quatro anos, consulesa da França em São Paulo. “Ter o homem mais poderoso do mundo nos noticiários, sem nenhum apelo de vitimização ou exagero, foi a melhor maneira de equilibrar a visão eurocêntrica do mundo, para tentar buscar um reequilíbrio da sociedade.”

Ao ser eleito o 44º presidente americano, o democrata Barack Obama soube aproveitar seu carisma e sua capacidade ímpar de oratória para reafirmar a simbologia e o peso do momento. “Se alguém ainda duvida de que os Estados Unidos é o lugar onde tudo é possível ou que ainda questiona o poder da democracia, esta noite é a sua resposta”, disse Obama a 250 mil pessoas que lotavam o Grant Park, em Chicago, pouco após sua vitória ser anunciada.

A força de Michelle

Filho de pai queniano e mãe americana, nascido no Havaí, Obama se tornou a materialização da igualdade, da meritocracia e da terra das oportunidades propaladas, mas nem sempre praticadas nos EUA. “Em seu mandato, a Casa Branca se tornou mais diversa, com mulheres e negros trabalhando em seus quadros, e os problemas ligados a questões raciais também passaram a ser discutidos muito mais amplamente”, afirma Alexandra. “Michelle [a primeira dama] também teve um papel fundamental ao mostrar que as mulheres podem ser inteligentes, respeitadas e ter grandes ideais.”

Aluno de Columbia e Harvard, Obama assumiu seu primeiro mandato em meio a maior crise econômica da história. Aprovou uma importante reforma no sistema de saúde. Sob seu comando, o governo americano encontrou e matou Osama Bin Laden, que havia derrubado as Torres Gêmeas, e enfrentou uma crise política que quase culminou na moratória da dívida pública. Com fortes estímulos monetários, conseguiu fazer com que a economia americana se recuperasse.

Vencedor do prêmio Nobel da Paz em 2009, ele não cumpriu uma de suas principais metas de governo, a de fechar a prisão de Guantánamo. Permitiu, entretanto, avanços importantes em relação ao meio ambiente, ao assinar e ratificar o Pacto de Paris contra o aquecimento global. Obama termina seu mandato com aprovação alta, de 54%. Mas, surpreendentemente, não elegeu sua sucessora, Hillary Clinton, derrotada pelo magnata republicano Donald Trump.

“Em seu mandato, a Casa Branca se tornou mais diversa e questões raciais passaram a ser discutidas mais amplamente” Alexandra Loras, 39 anos, ex-consulesa da França em SP
“Em seu mandato, a Casa Branca se tornou mais diversa e questões raciais passaram a ser discutidas mais amplamente” Alexandra Loras, 39 anos, ex-consulesa da França em SP