O voto silencioso em nome da paz

O voto silencioso em nome da paz

A polarização continua e, como prevíamos, mais acirrada ainda, com nervos à flor da pele e embates cada vez mais contundentes. É dedo na cara, são líderes religiosos apontando o certo e o errado. Bolsonaro é o santo enviado por Deus e Lula, o demônio. Mas há os que pregam o contrário e também partem para o legalismo impondo a seus ‘féis’ o seu posicionamento como o correto. Santo ou demônio: Triste nossa realidade!

Diante deste contexto, há aqueles, ouso dizer, grande parte dos eleitores, que estão se sentindo acuados e perdidos nessa guerra de egos e não de propostas para a melhoria e crescimento do País! O fenômeno do voto silencioso é descrito por pesquisadores como resultado da teoria da espiral do silêncio. A tese é de que, quando discordam de uma opinião amplamente majoritária no seu grupo social, algumas pessoas preferem esconder essa discordância para evitar um mal-estar nas relações dentro deste universo.

Quem avalia currículo, proposta de governo, estuda um pouco o cenário em que estamos vivendo, esse não tem espaço para expor seu posicionamento. Tem que se limitar a ouvir os discursos inflamados e repletos de razão de eleitores destemperados, que não querem ouvir, apenas falar. Porque afinal, ouvir, significa confronto e embate de ideias, que muitos não têm conteúdo para sustentar. Então, partem para a agressão verbal, no mínimo!

O medo de declarar a opção de voto em público ganhou destaque na corrida eleitoral deste ano como reflexo da polarização política exacerbada e dos estigmas que as campanhas tentam impor aos adversários. Grupos de WhatsApp, criados originalmente para trocas de avisos, hoje são palanque para a postagem frenética de propagandas e críticas, a maior parte baseada em mentiras. Os optantes pelo voto silencioso escolheram, de vez em quando, rebater mensagens ou desmentir fake news, sem entrar em confronto, não ultrapassando a fronteira da ironia, para evitar inimizades.

O voto silencioso será, sem dúvida, a reação a esse radicalismo que estamos enfrentando. Eleitores engajados em ter um líder que vá ao encontro de seus princípios, sua ética e mais, que tenha compromisso com políticas públicas para o Brasil, esses estão fazendo suas escolhas no “modo avião”, sem alarde, para não ser atacado. Logo ele, que tem tanto para oferecer, já que tem embasamento, porque estudou os programas de governo de cada candidato.

Tiramos os sorrisos dos lábios, hoje são rostos sisudos e altivos prontos a atacar ou revidar! Um povo conhecido por sua alegria, hoje vive à base de ódio. Será mesmo que decisões embasadas em frames de propagandas partidárias ou de vídeos compartilhados são a melhor opção para decidir seu voto? Se quiser, silencie seu voto, mas não o direito democrático de escolha, embasado no seu ideal de País!