RAPIDEZ Fabrício Hertz, da Horus Aeronaves: vantagem está na baixa burocracia do modelo (Crédito:Diorgenes Pandini)

Desde que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) regulamentou o Equity Crowdfunding, essa modalidade de investimento vem crescendo no País. De julho de 2017, data de aprovação da Instrução Normativa, até o último dia 8, foram R$ 39,1 milhões em investimentos, de acordo com a Associação Brasileira de Equity Crowdfunding (Crowdinvest). Esse valor é mais que o dobro do volume investido antes da regulamentação, de junho de 2014 a julho de 2017 – no perío- do, foram R$ 16,6 milhões aplicados. A expectativa do setor é que, com a estabilidade política, esse mercado cresça ainda mais nos próximos anos. “Caso o cenário político se confirme, o mercado rapidamente vai se situar. Em três anos vamos chegar ao patamar de R$ 200 milhões ao ano”, diz Adolfo Menezes Melito, presidente da Crowdinvest.

O conceito é simples e consiste em empresas que, por meio de plataformas online, vendem suas cotas em participação societária ou título de dívidas conversíveis para qualquer pessoa física interessada em investir. Como esse é um investimento de risco cujo retorno depende do sucesso da empresa, há um limite de compra por pessoa, de até R$ 10 mil por ano ou 10% dos rendimentos anuais de investimentos acima de R$ 100 mil. Não há limite para investidores qualificados.

Além de trazer segurança jurídica para o processo, a regulamentação da CVM também definiu que qualquer tipo de sociedade é elegível para levantar até R$ 5 milhões anualmente, desde que tenha faturamento anual de até R$ 10 milhões. Nove plataformas que fazem essa intermediação entre empresa e investidor já foram aprovadas. Cinco funcionam para empreendimentos imobiliários e três para startups. “É um processo relativamente desburocratizado. Em cerca de três meses é possível concluí-lo do início ao fim, metade do que seria captar via venture capital”, diz Fabrício Hertz, CEO da Horus Aeronaves, que fabrica drones para o agronegócio. Em setembro a empresa vendeu R$ 2 milhões em cotas para 111 investidores pela plataforma Eqseed.

Para Gustavo Barreira, sócio da cervejaria Leuven, ter uma comunidade de investidores que se sentem parte da marca foi o principal benefício. “Nós temos quase 300 embaixadores da marca, pessoas que levam uma garrafinha em baixo do braço por onde vão”, diz ele. “Eles ganham com a valorização do negócio”. A Leuven acaba de passar pela terceira rodada de investimento. Já captou R$ 4,5 milhões pela plataforma Kria. Atualmente, 36% da empresa, avaliada em R$ 15 milhões, está diluída em 292 investidores.

Gustavo Barreira e seus sócios da cervejaria Leuven: 36% da empresa está diluída em 292 investidores (Crédito:Divulgação)

Cenário promissor

O volume de investimento por meio do Equity Crowdfunding ainda é pequeno quando comparado a outros tipos no Brasil. “Se você fizer uma enquete nas empresas que operam nesse mercado, a maioria não conhece o modelo. As plataformas ainda têm muito trabalho a fazer, principalmente oferecer ofertas mistas, o Crowdfunding junto com outros tipos de investimento”, diz Adolfo Melito. O cenário tem sido mesmo promissor para as outras formas de fomento a startups no País. O volume de investimento-anjo, por exemplo, foi de R$ 984 milhões em 2017, 16% a mais que em 2016, de acordo com a Anjos do Brasil. “Há indícios de que 2018 também fechará com saldo positivo em relação ao ano passado”, diz Cassio Spina, presidente da Anjos do Brasil. O volume de venture capital também vem crescendo. No primeiro semestre deste ano, foram R$ 777,3 milhões, aumento de 40% em relação ao mesmo período de 2017, segundo a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital. São sinais claros de que os negócios coletivos decolaram para valer.

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