O presidente Jair Bolsonaro é realmente um pária. Esse é o único argumento possível diante da fala mentirosa e vil propagada por ele de que a vacina contra a Covid-19 cause AIDS. Diante de tantas loucuras que saíram de sua boca destrambelhada, talvez essa possa ganhar o troféu de asneira do ano. Não basta negar a ciência, incentivar o não uso das máscaras, promover aglomerações e remédios que não curam ou não previnem a pandemia, Bolsonaro precisa atrapalhar a única arma eficaz – que nenhuma estatística no mundo deixa mentir –, que são as vacinas. Para a tristeza dos negacionistas, elas funcionam.

Contra essa potência de destruição do mandatário de um dos dez maiores países do planeta, há pouco a ser feito, infelizmente. Seus fiéis apoiadores podem tomar a quantidade de Hidroxicloroquina que quiserem, pois o “vírus Bolsonaro” não tem cura – quem defende a morte, a tortura, as notícias falsas e experiências médicas secretas em seres humanos escolheu conviver com uma vida plena de ódio e desinformação. Até existem três remédios para amenizar o maléfico “Vírus Bolsonaro” e usados há milênios pela humanidade: eles se chamam “Informação”, “Leitura” e “Educação”.

Como muitos dos infectados com esse vírus nem se consideram doentes, fazer com que tomem o “kit vírus Bolsonaro”, composto por esses três remédios, é quase impossível. Ou, melhor, duvide de tudo que te vendem como “cura”, procure professores, médicos, sites de pesquisa confiáveis, enciclopédias e busque pelos efeitos colaterais da “Leitura”. Veja o que aconteceu com pessoas que lêem, que se informam diariamente com os melhores jornais, portais e revistas do País e do mundo (são diversos e têm para todos os gostos). Segundo as estatísticas, essas pessoas ganham mais, vivem mais e são adeptas da vacinação e da ciência. “Fulano estudou demais, infelizmente passou em Medicina na Universidade Federal, o que será do seu futuro? Passará por muitas necessidades e seguirá cegamente um político como se fosse um messias”. Alguém já ouviu isso? Claro que não.

E mais, levando a ridícula fala de Bolsonaro a outro nível de discussão: quando o assunto é tratamento, hoje, no Brasil, ter o vírus HIV é mais seguro do que contrair as novas variantes do coronavírus por um indivíduo não vacinado. Ter o vírus HIV não é mais sinônimo de morte. Quando a pandemia da AIDS surgiu no Brasil, e os primeiros remédios começaram a aparecer, o Ministério da Saúde da época, que não era liderado por um médico e nem mesmo por um militar da ativa, reuniu-se com os maiores especialistas no assunto, e então, fez um esforço de guerra para trazer os melhores medicamentos antivirais para a rede pública de saúde, o SUS.

Com a quebra de patentes de remédios caríssimos, campanhas massivas pelo uso de preservativos (as máscaras daquela doença) e amplo acesso da população ao tratamento, o vírus foi controlado. O País ficou conhecido no mundo inteiro pela maneira como contornou aquela pandemia mortal. O modelo foi até copiado em outros países. Fomos exemplo.

Bolsonaro poderia ter até lido um simples artigo da primeira busca do Google para conhecer a história brasileira em relação aos vírus e pandemias, e quem sabe seguir o bom exemplo dos que vieram antes dele. O Brasil já teve a foto repleta de sorrisos de um governador de São Paulo, José Serra (PSDB), vacinando um presidente da República, Lula (PT) contra a H1N1 e assim incentivar a população a se vacinar. Por que, dessa vez, foi diferente? Na doença, a inimizade política deveria vir em segundo plano. É uma vergonha que Bolsonaro tenha escolhido a inimizade com governadores, a ganância e a mais pura burrice no lugar.