Por Ana Cora Lima Fotos Cláudio Carpi / Abá MGT Edição de moda Bianca Zaramella Stylist Alexandre Schnabl Tão logo a luz estava montada na garagem da casa, local onde ficam guardadas as pranchas de surfe, bikes e uma oficina, e o figurino vestido, Pedro, 15 anos, vai ajudar o irmão Diogo, dois anos mais velho, a ajeitar os cabelos. São fios revoltos, morenos, bem ao estilo garoto de praia. Auxílio feito com as mãos mesmo, nada de pente. Não demora e o gesto vira brincadeira entre os meninos, que logo são abraçados pelo pai, personagem central deste ensaio especialíssimo de Gente. O cinquentão recente Marcello Novaes, com seu astral sempre jovem e em ótima forma, é apaixonado pelos garotos. ?Nossa relação é forte e bastante intensa. Somos muito unidos. Eu tenho muita sorte porque eles são bons garotos, educados, meigos e pessoas de caráter?, disse o ator, todo orgulhoso. Marcello recebeu a revista numa tarde de domingo no condomínio Itanhangá, zona oeste do Rio, onde mora. Aproveitou a rara folga na agenda de gravações de Avenida Brasil ? novela da Globo onde interpreta com talento o vilão Max, par da temível Carminha, vivida por Adriana Esteves ? e a ocasião para se reunir com os meninos. O papo entre eles é de uma cumplicidade típica de melhores amigos. Eles falam de tudo: drogas, sexo, futuro, profissão, mulheres… sim, mulheres, claro! São três homens em casa e o papai-galã ainda por cima está solteiro. ?Tem camisinha em casa sim, para usufruto de todos nós.? Bom prevenir. Afinal, o trio derrete corações. O loiro Pedro veio do casamento com a atriz Letícia Spiller. O moreno Diogo, da união com a empresária Sheyla Beta. E não é incomum ter professoras e colegas de escola dos dois, por exemplo, elogiando o paizão. ?Sempre foi assim, um olhar diferente… Já nos acostumamos. Mas falam bem do trabalho dele também?, diz Pedro. Na entrevista a seguir, tem o pai falando dos filhos, o ator falando do sucesso na novela e o galã que completa 50 anos na segunda-feira 13, solteiro, redefinindo a felicidade. ?A próxima namorada vai aparecer naturalmente. Nunca me dei bem quando corri atrás de uma conquista.? Dá para acreditar? Diogo, que tipo de pai é o Marcello? Meu pai é um superpai na verdade. Ele é cuidadoso, atencioso, sempre que pode está com a gente e se preocupa muito, como todo pai (risos). Mas ele é maravilhoso. Eu não podia ter pai melhor. Ele é muito especial para mim. E para você, Pedro? Meu pai é tudo isso. A gente se espelha muito nele. Para mim, ele é um exemplo. Eu amo o meu pai. E quando ele fica bravo? Pedro: Com a escola! Ele quer a média. Diogo: Ele prioriza muito essa coisa da educação. Cobra notas, estudo, conhecimento. Ele não quer que a gente seja o melhor aluno da classe, mas que tenha notas boas e que saiba a matéria. E vocês conversam de tudo com ele? Diogo. Sim. Além de pai, ele é o nosso melhor amigo. A gente sempre conta as coisas. É assim mesmo, Marcello? É, sim, a gente não tem limite. Nós falamos de droga, sexo, escola, trabalho, tudo. Eu penso que as melhores relações são aquelas em que, antes de tudo, você é amigo. Quero que eles sintam que sou o melhor amigo deles. De drogas e sexo também… Não tem como não falar de drogas com dois filhos adolescentes, surfistas e músicos em casa. Falamos abertamente sobre os riscos, os caminhos que podem ser desastrosos. E de sexo, claro. Compra preservativo e tudo? Em casa tem muitas camisinhas para usufruto de todos nós (risos). E quando algum apronta, tem castigo? Quando eles erram, quero que tenham a liberdade de me dizer ?Pai, eu errei?. E conversamos, entramos num acordo, dou o castigo se tiver de ser e explico. Tudo numa boa. Já precisou dar umas palmadas? Nunca encostei a mão nos meus filhos. Acho isso desnecessário. Quando eu falo que estou chateado com um deles, ele já fica cabisbaixo. Sou completamente contra a violência. Como é ser pai de dois adolescentes? Tenho sorte porque a relação que eu tenho com as mães deles é muito bonita, saudável, e isso reflete nos meus filhos. Tenho um carinho pela Sheyla e pela Letícia. Protejo elas, sou um agregador das famílias. E Diogo e Pedro são duas pessoas completamente diferentes. E não quero que eles sejam iguais a mim nem às mães deles: quero que sejam eles. Difícil educar a dupla? Não muito. Procuro dar a educação que eu recebi do meu pai, de caráter, honestidade, educação. E falo de romantismo também, de ser gentil, respeitar o próximo. Romantismo? Sim. Sempre falo: quer pegar uma menina, legal. Mas também vamos pensar em cultivar esse sentimento, que se tenha cuidado com ela. Tem de respeitar o ser humano, algo que anda em falta no mundo atual. A gente que é de uma geração passada sente isso. Vocês surfam juntos? Comecei a pegar onda com 12 anos. Esses caras nasceram com as pranchas e os skates do pai. A mesma coisa com relação à música. Aqui em casa tem um estúdio com bateria, guitarra… Os meninos têm uma banda, bem legal, a FDP. Mas não é nada disso que está pensando. Quer dizer ?Felipe, Diogo e Pedro?, que eles formam com um primo. E como vê a relação dos dois irmãos? Acho que os dois se precisavam. Acredito que nada é por acaso. Eu tinha que ter esses dois caras. Eles são muito amigos, se solicitam, se respeitam. O Pedro solta o Diogo, que é mais introvertido. E o mais velho segura a onda do mais novo, que é um kamikaze, está sempre machucado… É uma relação muito linda. Você não pensa em ter mais filhos? Hoje em dia não, mas se eu tivesse que ter mais um, eu gostaria que fosse uma menina. Só que tem um problema… Qual? Eu não tenho ninguém no momento, continuo solteiro. E depois de encontrar, precisa de um tempo para a relação se consolidar. É aquela coisa meio careta dos casamentos, ?na saúde e na doença até que a morte os separe?. Em outras palavras é a convivência, o namoro, o noivado, o casamento… Você subiria ao altar de novo? Não. Eu acho careta essa coisa de véu, grinalda, festa. Gastaria esse dinheiro com viagem. Não sou contra. Fui ao casamento do meu amigão Marcelo Serrado e achei lindo! É um barato, mas eu tô fora (risos). Mas como assim está solteiro!? Eu também me pergunto isso (risos)! O engraçado é que eu sempre namorei muito, mas depois que eu terminei com a Andreia, há cinco anos, quis ficar sozinho. As pessoas associam a felicidade com estar com alguém, mas acho que é ter uma casa, saúde, emprego, família, enfim. A gente pode ser feliz sem necessariamente ter um grande amor. E não sente falta? É claro que faz falta! Vem uma carência, uma saudade de ter alguém, mas não mata não. Mas as mulheres não dão em cima? Às vezes dão, às vezes eu dou (risos). Vai acontecer um dia. Acho que essas coisas acontecem naturalmente. Nunca me dei bem quando eu corri atrás de uma conquista. Meninos, já teve mãe de colega de escola ou professora elogiando, chamando seu pai de gato? Diogo: Sempre tem (risos). Um olhar diferente, mas a gente já se acostumou com isso. Pedro: Mas tem uma adoração pelo trabalho dele também. Diogo: E isso é muito legal. E a gente fica mais feliz por elogiarem o seu trabalho do que essa coisa de ser bonito. Sobre trabalho, chegar aos 50 anos na novela das 8 com Max é um prêmio, não? Olha, eu estava querendo muito comemorar esse meio século, especialmente neste ano, porque também faço 30 anos de carreira. Mas estou gravando muito e não sei se vai dar. E já recebi esse presente do João (Emanuel Carneiro, o autor). O Max não é só um vilão, é uma vítima! Ele não teve escola, não teve pai, mãe, orientação e, principalmente, educação. Mas assim, o Max é o vilão que está fazendo merchandising, uma coisa muito doida. As pessoas não tem ódio dele e percebo isso na rua. E você esperava essa reação do público? Não! Eu achei que seria apedrejado nas ruas como as atrizes vilãs que apanham no supermercado, com as velhinhas que puxam o cabelo (risos). Siga Gente no Twitter!