04/04/2017 - 11:09
Desde o início do conflito na Síria, em março de 2011, os grupos que se enfrentam foram acusados frequentemente de recorrer ao uso de armas químicas.
– O regime ameaça –
– 23 de julho de 2012: o regime sírio admite pela primeira vez possuir armas químicas e ameaça utilizá-las em caso de intervenção militar ocidental, mas não contra sua população.
No dia 20 de agosto, o então presidente americano, Barack Obama, afirma que recorrer a tais armas, ou inclusive apenas deslocá-las, significa cruzar uma “linha vermelha”.
– Ataque com gás sarin perto de Damasco –
– 21 de agosto de 2013: Ataque das forças do regime na Ghuta Oriental e em Muadamiyat al Sham, em torno da capital, setores nas mãos dos rebeldes. A oposição acusa o regime, que desmente ter lançado o ataque com gases tóxicos.
No fim de agosto, os Estados Unidos afirmam ter a “clara certeza” de que o regime é responsável pelo ataque que deixou, segundo Washington, ao menos 1.429 mortos, entre eles 426 crianças.
No dia 16 de setembro daquele ano, a ONU publica um relatório de seus especialistas que investigaram o ataque, segundo o qual foram encontradas provas flagrantes da utilização de gás sarin.
Mas, dois dias antes, a assinatura de um acordo russo-americano sobre o desmantelamento do arsenal químico sírio descartou “in extremis” a ameaça de ataques aéreos contra o regime, cogitados por Estados Unidos e França para punir Assad.
– Ataques com cloro –
– 10 de setembro 2014: os investigadores da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) confirmam que o cloro foi usado como arma química de forma “sistemática e reiterada” em Kafr Zeta (província de Hama, centro), Al Tamana e Tal Minnis (província de Idlib, norte). Segundo a ONG Human Rights Watch (HRW), estes ataques contra povoados em mãos de rebeldes foram realizados em abril pelo regime.
Washington, Londres e Paris acusam o exército sírio de ter realizado há 16 meses ataques com gás cloro. Mas, para a Rússia, aliada do regime, não existem provas irrefutáveis da culpabilidade do regime.
– Novas suspeitas –
– 2 de agosto de 2016: O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) menciona 24 casos de asfixia na cidade rebelde de Saraqeb, 50 km ao sul de Aleppo (norte).
No dia 12 de agosto, a França expressa sua “preocupação por informações” sobre um ataque químico em Aleppo no dia 10 de agosto, que teria deixado quatro mortos e dezenas de feridos.
– ONU acusa o regime de Damasco –
– 21 de outubro de 2016: O Conselho de Segurança recebe um relatório confidencial no qual se conclui que o exército realizou um ataque com arma química, sem dúvida cloro, em Qmenas (província de Idlib, noroeste) no dia 16 de março.
Em um relatório anterior, a comissão de investigação batizada de Joint Investigative Mechanism (JIM) havia concluído que helicópteros militares lançaram gás cloro em ao menos outras duas localidades de Idlib, em Talmenes no dia 21 de abril de 2014 e em Sarmin no dia 16 de março de 2015.
No total, sobre nove supostos ataques químicos estudados pelos especialistas, três foram atribuídos ao regime e um ao EI, com gás mostarda, em Marea, perto de Aleppo, em 21 de agosto de 2015.
– Veto russo-chinês –
Em 28 de fevereiro de 2017, Rússia e China impuseram seu veto a uma resolução da ONU que prevê sanções contra a Síria por uso de armas químicas.
No início de março, a OPAQ indicou que investigava oito supostos ataques com gás tóxico cometidos na Síria desde o início do ano.
Nesta terça-feira, a oposição síria convocou o Conselho de Segurança da ONU a abrir uma “investigação imediata” sobre o ataque com “gás tóxico” realizado, segundo a mesma, pelo regime de Damasco no noroeste do país e que deixou ao menos 58 mortos.