A noção que temos do Espaço sideral, aquelas que são apresentadas pelo cinema que automaticamente causam encanto nos expectadores estão corretas. Mais uma vez a ciência confirma isso com a criação do mapa mais nítido do céu. A imagem foi fabricada a partir da captação de dados do telescópio espacial da NASA, Fermi, em órbita terrestre desde 2008, por cientistas do Grupo de Buracos Negros do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP.

É uma visão em dois planos, um feixe de luz no centro da foto, horizontal, onde está a Via Láctea, rodeada por vários pontos luminosos, que são diversos elementos do cosmos, buracos negros, interações de gases, galáxias entre outros componentes. Uma imagem ao mesmo tempo belíssima e misteriosa. Para os não letrados em astronomia, a fotografia é algo indecifrável. Mas para Rodrigo Nemmen, cientista que está à frente da pesquisa e sua equipe, os astros representam muito mais do que encanto e enigma. “Cada ponto luminoso é um elemento do universo”, diz calmamente.

O pesquisador explica que o mapa detém informações cruciais para o entendimento do Universo e da Terra. Conta ainda que produzir o Mapa do Céu foi um trabalho que levou em consideração dados relativos a 12 anos de captação feita pelo telescópio. “Eu diria que é um avanço muito importante, porque a maior parte da astronomia nacional é feita com observatórios em solo”, pontua.

O caso é que esse mapa significa a representação máxima de tudo que há no universo, em todas as direções. Mas, as estrelas, buracos negros e galáxias (inclusive onde está, a Via Láctea) podem não estar exatamente como a ilustração mostra devido à distância e o tempo em que os dados foram registrados. “Há luzes que foram registradas que já estavam aqui na Terra antes mesmo da humanidade”, diz Nemmen. Muito além de um amontoado de pontos de luz, trata-se de uma enorme quantidade de astros do cosmos.

Mas porque os raios gama foram escolhidos para representar a figura? Porque carregam grande quantidade de energia. Por isso pesquisadores construíram o mapa dando cores diferentes a depender da variação de energia encontrada. Dessa forma, o olho humano que é incapaz de enxergar a multiplicidade de radiação existente no Universo, pode decodificar o que cada ponto significa.

Agora, a partir do Mapa do Céu, os pesquisadores podem ter noção de fontes astronômicas mais fracas com mais nitidez, juntar diversos dados como luz, ondas gravitacionais e resquícios de estrelas, para entender melhor o funcionamento desse quebra-cabeça estelar. “Utilizamos esses mensageiros coletados pelo telescópio para entender os eventos astronômicos”, diz Nemmen.