A famosa marca italiana Gucci fez um espetáculo impactante na passarela nesta quarta-feira (21) ao apresentar seu universo ciborgue de criaturas estranhas e dragões na Semana de Moda de Milão.

O convite já trazia uma ideia original: um cronômetro. A coleção de outono-inverno 2018 da casa de Florença, idealizada pelo prestigiado diretor artístico Alessandro Michele, provocou surpresa com sua proposta diferente e seus personagens estranhos.

Os looks, tanto para os homens quanto para as mulheres, foram um verdadeiro show de ficção científica, com modelos cobertos dos pés à cabeça, com gorros, toucas ninja, vários colares, casacos, jaquetas e vestidos longos, muitos deles usando como bolsas uma inquietante reprodução exata de suas próprias cabeças, que tinham até cabelo.

Gucci Hub, a sede milanesa da marca, se transformou em uma sala de operações desse mundo fantástico: as paredes foram cobertas com PVC verde e luz neon branca, em uma sensação intensificada pelo som angustiante das batidas de um coração.

Alessandro Michele, famoso por ser atento a cada detalhe, tentou romper com os padrões e inventou um novo ser, híbrido, o Ciborgue Gucci.

Na descrição do desfile, o estilista cita Michel Foucault e sua visão da identidade social como ferramenta para o controle biopolítico dos seres.

A nova criatura do estilista, biologicamente indefinida, comunica sua identidade múltipla através de suas roupas, e com elas evoca todos os continentes, cruza época diferentes e mistura símbolos de várias culturas.

Modelos usavam chapéu com renda bordada e toucas ninja de lã para esquiar com um turbante de jacquard e jaqueta de lurex dourado, além de um vestido de veludo tirado diretamente de uma pintura do renascimento de Piero della Francesca.

Algumas modelos usavam um terceiro olho e outras carregavam um pequeno dragão como um bebê, quase um acessório de moda.

“Me comove o talento esmagador de Michele, seu humor e ao mesmo tempo sua forma de desprezo pelo outro. Sua coleção é tão rica que a pessoa deveria ter tempo de dissecá-la para compreender o que está em jogo”, disse Chiara Mastroiani em entrevista à AFP no final do desfile.

– Homenagem aos estilistas –

A inauguração de uma exposição dedicada às grandes figuras da moda, desde Donatella Versace, Giorgio Armani, Pierpaolo Piccioli, Silvia Venturini Fendi até Jean-Paul Gaultier, reuniu nesta quarta na capital da moda italiana estrelas e divas que prestaram homenagem a seus estilistas preferidos.

Produzida pela Câmara Nacional de Moda italiana, a exposição com o título “Italiana. Itália vista pela moda 1971-2001”, fica aberta até 6 de maio e narra três décadas de história.

“Não se trata de um ato nostálgico, e sim do orgulho e da vontade de celebrar a moda italiana e, por sua vez, mostrar a sua complexidade”, disse Maria-Luisa Frisa, curadora da exposição junto com Stefano Tonchi.

“A moda italiana é um laboratório criativo que gerou muitos mundos e premiou personalidades fortes”, disse.

As peças espalhadas pelas salas do Palazzo Reale, a um passo do famoso Duomo, a Catedral de Milão, evitam a cronologia e preferem um enfoque temático, como identidade e democracia.

Nove salas dialogam com os trajes provenientes dos arquivos de grandes marcas, como Missoni, Armani e Versace, além de Krizia, Romeo Gigli e Gianfranco Ferré, entre outros.