O entorno da estação de trem de Interlaken, na Suíça, é um cenário de campos verdes, chalés de madeira, pequenas pontes sobre cursos d´água e altas montanhas com o topo nevado. De tirar o fôlego, mas é só o começo de um dos passeios mais famosos do país: a visita ao mirante de Jungfraujoch. Também chamado de topo da Europa, abriga a estação ferroviária mais alta do continente, a 3,5 quilômetros de altura, e um verdadeiro parque temático de inverno no coração dos Alpes Suíços. Com uma temperatura média de – 7,9ºC, Jungrfraujoch oferece aos visitantes montanhas geladas o ano todo.

No começo da viagem, ao olhar para cima é possível ter noção de quão íngreme é o trecho a ser percorrido. São nove quilômetros até chegar ao topo, sete deles dentro de túnel. O trem atravessa a geleria de Aletsch, que, junto com Jungfrau, forma o complexo considerado Patrimônio Mundial Natural pela Unesco. A estrada de ferro tem mais de cem anos – começou a ser construída em 1896. Conforme o trem sobe, o frio aumenta. No percurso, há duas paradas em mirantes fechados, com grandes janelas de vidro, que dão ao turista a sensação de estar no meio das montanhas nevadas, gigantescos paredões brancos espalhados no horizonte que só terminam quando começa o anil do céu, salpicado por riscos de raios solares. A região tem três picos principais: Jungfrau, que em alemão significa “virgem”, “Mönch” (monge) e “Eiger” (ogro), em ordem de altura da maior montanha para a menor. Nas paradas, cartazes dão informações sobre a grandiosidade do que está sendo visto e percorrido.
Na chegada à estação, a euforia é pela visita ao Plateau, espaço em que o turista pode caminhar e brincar numa área de neve. É lá que fica uma bandeira da Suíça em frente a qual se forma uma grande fila de pessoas para tirar foto. Dependendo do tempo, porém, não há visibilidade nessa parte e a visita fica comprometida. Há ainda o observatório meteorológico “Sphinx”, a 3,5 quilômetros acima do nível do mar – é o ponto de observação mais alto de Jungfraujoch. Um elevador percorre 100 metros em cerca de 25 segundos e deixa o turista em uma passarela aberta para uma visão impressionante. São 23 quilômetros de gelo que se perdem no horizonte. O entusiasmo por estar cara a cara com a exuberância da natureza supera a temperatura negativa e o vento gelado que bate no rosto.

De volta ao prédio da estação, a temática continua a mesma. A próxima parada é o Palácio de Gelo, um labirinto de corredores com esculturas, teto e chão – como o próprio nome diz – de gelo. Tão frio quanto divertido, o único risco é tomar um tombo por causa do piso escorregadio. Dá para se sentir no castelo da Elsa, a personagem do filme “Frozen”, da Disney, até chegar à próxima atividade, dessa vez em um espaço aquecido. Na Alpine Sensation, o turista vê uma breve exposição com a história da construção de Jungfrajoch. O projeto foi idealizado por Adolph Guyer Zeller, que morreu antes de concluí-lo. Há placas com nomes dos trabalhadores que perderam a vida durante a execução do projeto, quase todos italianos. É interessante ver como o complexo foi erguido em uma época em que não havia nem energia elétrica na região.

Para encerrar o passeio – ou começar, dependendo da fome –, há três restaurantes, um de cozinha suíça, um self-service e um de comida indiana. Esse último foi aberto para agradar a nacionalidade que registra o maior número de visitantes ao local. E por que eles vão para lá? A Suíça, e particularmente a região dos Alpes, é cenário de vários filmes de Bollywood, como é chamada a Hollywood da Índia. Daí tanta procura. Ao fim do dia, é hora de pegar o trem de volta para a estação onde a viagem começou. O trajeto é diferente da ida, e quando menos se espera as árvores do caminho abrem espaço para mais paisagens de campos verdes, montanhas e até cachoeiras. Do começo ao fim, visitar Jungfraujoch é ter a sensação de viver em um cartão-postal. Os preços do passeio custam a partir de R$ 700, em média, mas podem variar de acordo com a temporada escolhida para a viagem e com a cotação do franco suíço.