Nunca na história do PT, o partido teve tantas siglas aliadas a uma campanha presidencial como esta. Lula tem o apoio de outros nove partidos para acalentar o sonho de um terceiro mandato (PCdoB, PV, PSB, PSOL, Rede, Solidariedade, Avante, Agir e Pros). A adesão em massa está sendo estimulada pelo fato de o ex-presidente liderar todas as pesquisas de intenção de voto há mais de um ano, muitas das quais lhe dando a vitória no primeiro turno ou, de forma inquestionável, lhe conferindo sucesso nas urnas no segundo turno por ampla vantagem. Isso está fazendo Lula calçar salto alto e até prometer cargos a aliados em um futuro governo. Para atrair André Janones, ofereceu a presidência da Câmara. A outros, como o vice Geraldo Alckmin, prometeu o Ministério da Agricultura.

Cooptação

Tentou também, sem sucesso até aqui, cooptar outras candidaturas, como a de Simone Tebet. Quis atrair lideranças do MDB, sobretudo os velhacos do Nordeste, o que enfraqueceu o projeto da senadora do MS. Procurou inviabilizar a chapa do União Brasil, fazendo Bivar desistir, mas acabou não conseguindo impedir o lançamento de Soraya Thronicke.

Tempo de TV

Lula conseguiu, assim, o maior tempo na propaganda gratuita no rádio e na TV, que começa no próximo dia 26. Terá 3 minutos e 15 segundos. Bolsonaro, com três partidos ao seu lado (PL, PP e Republicanos), contará com 2 minutos e 38 segundos. Ciro (PDT) terá só 51 segundos e Simone, 2 minutos e 10 segundos. Soraya terá 2 minutos e 8 segundos.

A política do pão de queijo

Mateus Bonomi

Depois de ter minado a candidatura de Doria à Presidência pelo PSDB, Aécio Neves desistiu de ser candidato ao Senado para tentar a reeleição como deputado federal por Minas. Explicou que o gesto permitiu uma aliança em torno de Marcus Pestana (PSDB) para o governo mineiro, tendo Bruno Miranda (PDT) para senador. O tucano diz que não desistiu de voos mais altos em 2026: disputará o governo ou a Presidência.

Retrato falado

“Eles não desejarão minha morte para tomar meu lugar” (Crédito:Fernando Moraes)

A deputada Janaina Paschoal inaugurou um novo tipo de nepotismo ao montar sua chapa para disputar uma vaga no Senado por São Paulo. Escolheu dois irmãos para suplentes: Nohara Paschoal e Jorge Coutinho Paschoal. A legislação não proíbe a indicação de parentes para a suplência, mas convenhamos que é, no mínimo, imoral. Em 2018, fez mais de 2 milhões de votos para se eleger deputada estadual. Agora, tentou o apoio de Bolsonaro, mas ele preferiu o astronauta Marcos Pontes.

Rumo a Paris

Ueslei Marcelino

Ciro Gomes ainda não curou as feridas de 2018, quando rompeu com o PT porque Lula, mesmo da cadeia, ajudou a boicotar sua candidatura no Nordeste. Em represália, o cearense não apoiou o petista Haddad no segundo turno e foi para Paris. Desta vez, deve repetir a dose. Disse na GloboNews que “não há caminho” para apoiar Lula no segundo turno.

Bola de neve

O governo está dando corda para o brasileiro mais pobre se enforcar. Ao decidir que as 20 milhões de pessoas com direito a receber os R$ 600 do Auxílio Brasil podem obter o crédito consignado, a juros de 86% ao ano, Bolsonaro vai jogar esse pessoal numa bola de neve que vai terminar com os tomadores do empréstimo na rua da amargura. Ocorre que os R$ 600 do auxílio mal serão suficientes para as famílias comerem, e certamente não terão dinheiro para pagar as prestações do empréstimo consignado, que podem ser de até 24 parcelas de R$ 240. É óbvio que haverá inadimplência generalizada. Isso ampliará a crise que envolve o setor de crédito bancário no segmento.

Grandes bancos

Para comprovar que a ideia é coisa de desmiolado, os grandes bancos, como Bradesco, Itaú e Santander, já resolveram ficar de fora dessa roubada. Só a Caixa, do governo, vai oferecer esse tipo de crédito. Pode acontecer de o governo ter que anistiar os endividados depois: hoje, 60 milhões já quebraram.

Velha rixa

As divergências entre ambos são antigas, apesar de o pedetista já ter sido ministro do petista em 2003. Este ano, porém, a animosidade aumentou. Sabendo que os seus votos (9% nas pesquisas) podem eleger o petista no primeiro turno, Ciro não quer vender barato sua posição na corrida presidencial: tem dito que as ideias de Lula envelheceram

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Meninas vestem rosa

Divulgação

A primeira-dama Michelle Bolsonaro sempre mostrou ter uma personalidade forte. Vinha se recusando a gravar mensagens para a campanha do marido por não concordar com os rumos da reeleição. Mas entrou de cabeça no apoio à candidatura para o Senado pelo DF da ex-ministra Damares Alves, sua amiga inseparável, contrariando a decisão do ex-capitão, que lançou Flávia Arruda para a vaga.

Toma lá dá cá

Alexandre Silveira, senador (PSD-MG)

Como avalia a PEC que blinda os ex-presidentes da prisão?
É algo completamente inconstitucional e impossível de se concretizar. Ninguém pode ser “blindado” pelo fato de ser chefe de Poder.

O sr. chegou a ser cotado para a liderança do governo e, pouco depois, firmou uma aliança com Lula. O que mudou?
Fui cotado e não aceitei. Sempre deixei claras as minhas diferenças com o governo. Defendo a vacina, o desarmamento, a cultura, o investimento público. Minha afinidade com Lula vem de muitos anos.

Por que o apoio de Lula não fez Kalil deslanchar?
A partir do momento em que o Kalil ficar mais conhecido no interior e que as pessoas souberem dos seus feitos como prefeito de BH, ele vai crescer e vai ganhar.

Rápidas

* A disputa pela vaga do Paraná no Senado entre Alvaro Dias e Sergio Moro transformou-se na luta entre o criador e a criatura. Dias lançou Moro na política e chegou a oferecer-lhe a candidatura a presidente da República pelo Podemos, rejeitada pelo ex-juiz. Freud explica.

* Isolado, Ciro Gomes (PDT) escolheu a vice-prefeita de Salvador, Ana Paula Matos (PDT), como sua companheira de chapa. Ela coordenará seu plano de governo. Negra, atua no combate à pobreza e promoção social.

* O PT decidiu manter apoio à candidatura de Marcelo Freixo (PSB) para o governo do Rio, mas Alessandro Molon (PSB) insiste em não desistir da candidatura ao Senado, ignorando o acordo com o petista André Ceciliano. Teimoso.

* Michel Temer não anda nada feliz com as críticas que vem recebendo de petistas, como Dilma e Lula, ainda por causa do impeachment de 2016. Por isso, ele não declara apoio ao candidato do PT no segundo turno.