O Tiririca é inglês?

Coluna: José Manuel Diogo

Fundador da Informacion Capital Consulting e Diretor da Câmara de Comércio e Industria Luso Brasileira em Lisboa onde coordena o comité de Trade Finance é o autor do estudo "O Potencial de Expansão das Exportações Brasileiras para Portugal”. Atua atualmente como investidor e consultor, estando envolvido em projetos de intercâmbio internacional nas áreas do comércio, tecnologia e real estate. Vive com um pé em cada lado do Atlântico, entre São Paulo e Lisboa. É autor e colunista na imprensa internacional sobre temas de investimento, importação e exportação e inteligência de mercado. É um entusiasta da cultura e da língua portuguesa.

O Tiririca é inglês?

A história do Brexit é mais maluca que o impeachment da Dilma. Os políticos do reino de sua majestade estão mais confusos na hora de sair da Europa que o Tiririca estava na hora de votar a destituição da senhora presidenta. Está uma zona tão grande que, do lado de lá do Atlântico ninguém se lembra de ter assistido a coisa parecida.

Se os brasileiros ficaram achando que deram uma má imagem para o mundo em outubro de 2016, com a transmissão ao vivo e a cores do voto do Congresso que destituiu a presidente estocadora de vento, eles vão se sentir verdadeiros cavalheiros Europeus, olhando para o que acontece agora na Câmara dos Comuns inglesa.

Quando o Reino Unido decidiu sair da União Europeia, o que fez por uma questão tática e não estratégica-  sabe como os políticos são capazes de ser criativos para manterem o emprego,né? – ninguém antecipava uma coisa assim. Nem os mais pessimistas. Hoje todo o mundo se arrependeu.

No caso do DILMEXIT, chamemos-lhe assim, os brasileiros sabiam o que estavam votando: o fim do PT. E era claro quem estava a favor e quem era contra. No caso do BREXIT já ninguém mais sabe o que está querendo e apenas uma coisa está certa: que estão todos contra.

No Brasil se votou SIM ao impeachment com argumentos muito emocionais; religião, família, pátria. Pelo Brasil querido, por Deus amado, pelo senhor Jesus, pelo pai que tudo me ensinou, pela mãe querida, pelo sucesso dos filhos amados, pela mulher que luta contra a morte e os netos que representam o futuro do Brasil, e lá se ouvia falar de corrupção de vez em quando. Pelo NÃO, a argumentação era o respeito pelos resultados eleitorais, a constituição, a democracia. Mas os dados estavam lançados e não havia mais que fazer. O Brasil sairia de Dilma para Temer como sairia depois de Temer para Bolsonaro. Consistência democrática.

Mas na sofisticada Inglaterra, de quem o mundo espera sempre elevação, inteligência e fleuma, hoje reinam juntas, Isabel II e a esculhambação geral. Dia após dia no parlamento os MP’s votam contra sem parar. Contra sair da União Europeia, contra ficar, contra um segundo referendo, contra sair com acordo, contra sair sem acordo, contra a aduana, contra o mercado comum e contra o próprio governo. Uma irresponsabilidade que ninguém consegue explicar.

Em um mundo assim, com Donald Trump na América, Theresa May e Jeremy Corbyn na Europa, o Brasil pode virar referência internacional de consistência politica. Já exportou o Wyllys e agora pode exportar o Tiririca.