Nunca fiz nem jamais farei parte do tribunal penal popular, seja nesta louca era da internet, ou outrora, nos botequins e almoços de família. Quero dizer o seguinte: ou opino – e condeno – após ter certeza dos fatos, ou mantenho-me quieto. No máximo, dissertando com larga prudência.

Ao que parece, a moça que levou um idoso morto ao banco, para contrair um empréstimo em seu favor, não era assim tão má; e nem tão, digamos, boa. Não entrarei no mérito, pois se a própria Polícia não tem certeza, como eu poderia tê-la? Mas a sequência dos fatos é simplesmente lamentável.

ARGH

O desprezo pela morte e o desrespeito pela memória da vítima – e de seus entes queridos – são repugnantes em todos os aspectos. O senhor tornou-se, a despeito da tragédia que o acolheu, personagem de memes e piadas infames, explicitando a miséria humana em que nos metemos.

Assisti, há pouco, um vídeo de uma idiota qualquer, hoje chamada “influencer”, usa seu marido como personagem análoga ao idoso morto. Em uma cadeira, cabeça tombada, o falso “de cujus” é obrigado, não pela sobrinha-cuidadora, mas pela esposa, a assinar uma compra qualquer.

AQUI SE FAZ

Impressionante, isso! Pensa-se, grava-se e compartilha-se um lixo destes apenas para ganhar alguns likes e, claro, algum dinheiro. É como se o senhor doente, e agora morto, a moça enroscada com a Justiça e a dor de quem ficou não representassem nada, senão mero enredo para a tosca postagem.

Não sou daqueles que acreditam nas leis das religiões. Acredito, e olhe lá, nas leis humanas. Por isso, não apenas desejo mal a quem julgo merecer, como não me preocupo com a “lei do retorno”. Para mim, plantamos e colhemos, mas na Terra mesmo. Gente como essa “influencer” merece passar por dor igual.