A partir de segunda-feira, 12, quando será diplomado, Lula promete divulgar os nomes dos seus 36 ministros. Afinal, vai recriar Planejamento, Indústria e Comércio, Pesca, Mulher, Igualdade Racial, Cultura, entre outros, e vai criar o de Povos Originários, que ficará com Sônia Guajajara. Na sexta-feira, 2, o petista disse que já tinha 80% dos nomes “na cabeça”, mas que precisaria de mais tempo para as articulações com os aliados. O problema é que o próprio PT pressiona o novo presidente por cargos. Os petistas têm dito a Lula que os postos mais estratégicos, como no Desenvolvimento Social, que vinha sendo pleiteado por Simone Tebet, deveriam ficar com eles. Nesse ministério está o Bolsa Família. Nesse caso, a senadora teria que ser deslocada para outra pasta.

Nomes certos

Mas há ministros que Lula já dá como certos. Além do óbvio Haddad para a Fazenda, o presidente eleito confirmou, num jantar na casa de Kátia Abreu, que o ministro da Defesa será José Múcio Monteiro. O ex-presidente do TCU até já está transferindo suas empresas para o nome de familiares para não ter óbices legais. Os militares estão satisfeitos.

Gleisi

Há nomes, também, que Lula excluiu da sua lista. É o caso de Gleisi Hoffmann, presidente do PT. Ela era cotada para a Casa Civil, mas o petista vetou. Não quer cometer o mesmo erro do primeiro mandato. Em 2003, José Dirceu, que era o presidente do partido, foi para a chefia da Casa Civil e teve que renunciar em 2005 por causa do mensalão.

A Justiça de Dino

Mateus Bonomi

Outro nome que já tem o passaporte para a Esplanada é o do senador eleito Flávio Dino (PSB-MA). Vai para o Ministério da Justiça. Fala como ministro e tem o aval de Lula. É contra a divisão da pasta em duas. Diz que a Segurança Pública terá muito peso na sua eventual gestão. Os atos antidemocráticos dos bolsonaristas interditando estradas e portas de quartéis vão acabar e os infratores serão punidos.

Retrato falado

“O que preocupa o mercado é a sustentabilidade da dívida pública” (Crédito:Ana Paula Paiv)

Depois de afirmar que há consenso em torno do pagamento do auxílio de R$ 600, o presidente do Banco Morgan Stanley do Brasil, Alessandro Zema, disse, ao “Valor”, que não há incompatibilidade entre responsabilidade fiscal e cuidar de demandas sociais legitimas. Ele lembra, porém, que a exemplo do que acontece na vida do assalariado, o dinheiro não é infinito e é preciso definir prioridades. Afinal, aumentar gastos, sem contrapartidas, irá gerar inflação e juros altos.

A força de Haddad

Como demonstração de que vai bancar Haddad no ministério mais importante de seu governo, a Fazenda, Lula autorizou seu pupilo a tomar a frente nas negociações da viagem que fará aos EUA para um encontro com Biden. A reunião com o presidente americano acontecerá em Washington (inicialmente seria depois da diplomação e antes da posse, mas agora se fala que será no início do ano que vem). Detalhes da visita estão sendo acertados entre o ex-prefeito de SP e Jake Sullivan, Conselheiro de Segurança da Casa Branca, que esteve em Brasília esta semana. Haddad está dispensando os serviços diplomáticos da embaixada brasileira na capital americana porque o embaixador Nestor Forster é bolsonarista e será trocado quando Lula assumir.

Pária internacional

A visita de Lula a Biden objetiva reposicionar a política externa brasileira, que perdeu relevância no mundo com Bolsonaro. E o novo governo já começou a mostrar sua disposição de retirar o País do isolamento imposto pelo capitão, como ficou patente nas viagens recentes feitas à COP27 e a Portugal.

Cotados do Agro

O nome do senador Carlos Fávaro (PSD-MT) para conduzir o Ministério da Agricultura voltou a ser o mais forte na disputa contra o deputado Neri Geller (PP-MT), o outro candidato ao posto. Fávaro conta com o apoio do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, enquanto Geller foi ministro de Dilma Rousseff, que ainda o vê com muita simpatia.

Jefferson Rudy

Rei da soja

Não bastasse isso, Fávaro tem como padrinho o fazendeiro Blairo Maggi, o “Rei da Soja”, que foi ministro da Agricultura de Temer e é aliado de Lula no Mato Grosso. A desvantagem é que a sua suplente, Margareth Buzetti (PP-MT), apoiou Bolsonaro. Ela teria que se filiar ao PSD para a vaga continuar nas mãos dos aliados petistas. Não é difícil.

O presidente Mourão

A conversa entre Alckmin e Mourão ocorreu após o futuro vice e Lula diagnosticarem que ele atua como um “presidente em exercício”. Aliados do vice-presidente eleito apontam que, apesar das críticas públicas ao novo governo, o general mostra-se cordial a portas fechadas e já sinalizou que, se Bolsonaro levar adiante o plano de não passar a faixa presidencial, ele topa fazê-lo.

Toma lá dá cá

Nelsinho Trad, líder do PSD no Senado (Crédito:Geraldo Magela)

Por que o PSD defende a redução do prazo de 4 para 2 anos da PEC da Transição?
É mais prudente aprovar um prazo menor do que o de um mandato na construção de qualquer iniciativa de ajuste fiscal, porque, assim, temos como verificar o impacto na economia.

Rogério Marinho representa riscos para a eleição de Rodrigo Pacheco?
Qualquer candidatura que venha a fazer enfrentamento é sempre um risco, porque pode haver a pulverização de votos.

O PSD tem nomes alinhados ao bolsonarismo. Haverá problemas para o partido apoiar Lula?
O PSD sempre primou pela independência. Mesmo tendo pessoas com afinidade maior com a oposição a Lula, não vejo dificuldade para apoiarmos as medidas para fazer o Brasil crescer.

Rápidas

* A equipe de transição do PT parece coração de mãe. Sempre cabe mais um. Era para serem 50 pessoas, mas no Diário Oficial de quinta-feira, 1º, foram publicados mais 477 nomes. Hoje, são 904 membros. E todos se consideram ministeriáveis. Só no grupo da Educação são 55.

* O PSB pressiona pela definição do futuro do governador Paulo Câmara após o partido perder a hegemonia de 16 anos em Pernambuco. No PT, o nome dele é cotado para a CGU, mas pessebistas querem vê-lo na Codevasf.

* Bolsonaro vai levar vida de milionário às custas do dinheiro público. Receberá aposentadoria parlamentar de R$ 30 mil e R$ 11,9 mil de pensão do Exército. Fora gordo salário do PL e carros e seguranças pagos pela União.

* Petistas querem mudar o ECA para punir quem ensinar adolescentes a manusear armas. Alencar Santana e Maria do Rosário culpam a “irresponsável” política armamentista de Bolsonaro por crimes cometidos por crianças.