DOMÍNIO O ditador Adolf Hitler utilizava a arte como instrumento de manipulação política (Crédito:Divulgação)

Mais um importante passo na redenção do regime nazista foi dado pelo governo alemão. A chanceler Angela Merkel aprovou uma lei que facilita a devolução de bens artísticos roubados. A iniciativa não diminui o sofrimento causado, mas repara parte dos danos. Dentro da ideologia do ditador Adolf Hitler a expropriação da arte dos judeus e outros inimigos de guerra era um método comum. A ganância da época hoje não tem justificativa alguma e constrange toda a Alemanha. A ministra da Cultura, Monika Grütters, comemorou a lei e disse que “a restituição de propriedade cultural perdida devido à perseguição nazista é um elemento-chave de nossos esforços para enfrentar o terror do regime nazista e é de extrema importância para o governo”. A preocupação com a reparação de bens é muito evidente no atual governo alemão. O doutor em Direito Internacional, José Luiz Souza de Moraes, diz que “a Alemanha pratica um processo de não esquecimento dos horrores perpetrados pelo nazismo e não tolerância aos fatos da época”. Para Moraes, a nova lei protege os crimes contra a humanidade.

ADMIRAÇÃO Soldados alemães observam quadro de Édouard Manet durante a Segunda Guerra Mundial (Crédito:Divulgação)

O ministério da Cultura da Alemanha também anunciou a devolução de 14 quadros roubados. Entre as obras devolvidas está um desenho do pintor Carl Spitzweg, com o nome original de “Das Klavierspiel”, na tradução seria algo aproximado de “tocando o piano”. O desenho foi propriedade de Herni Hinrichsen, um editor de partituras musicais, assassinado no campo de concentração de Auschwitz em 1942. Os herdeiros pediram que a peça fosse encaminhada para uma casa de leilões. Além das 14 pinturas identificadas como roubadas de judeus, a coleção contém telas milionárias de Cézanne, Picasso, Matisse, Delacroix, Renoir, Beckmann e Munch.

As obras que foram devolvidas estavam no acervo do colecionador Cornelius Gurlit, morto em 2014. Ele recebeu as obras de herança do seu pai, Hildebrand Gurlitt, que comprou a maioria das peças dos nazistas, com quem estava alinhado. Gurlit, o filho, guardava mais de 1.200 obras em seu apartamento em Munique e outras 250 peças na residência de Salzburg, Áustria, descobertas pelas autoridades em 2012. A descoberta ensejou para a coleção o apelido de “Tesouro de Munique” e apesar da demora para a devolução, feita só em 2021, a iniciativa teve boa repercussão dentro da Alemanha. Outros herdeiros de tantas relíquias roubadas pelos nazistas esperam por maior celeridade. Mas o governo é bastante criterioso na devolução de um acervo tão expressivo às artes e para a história. Segundo a ministra Monika Grütters “cada uma destas pinturas roubadas carrega um destino humano e trágico como o de Hinrichsen, vítima de Auschwitz”.