Numa tumba às margens do rio Danúbio, na Alemanha, dois esqueletos permaneceram cobertos de joias por mais de dois milênios. Enterrados pela civilização celta, eles resistiram ao tempo, às inundações e aos saqueadores até serem encontrados por uma equipe da Universidade de Tubingen. Os restos mortais são de duas mulheres. Uma delas pertenceu à elite de sua época. Ricamente vestida, usava pingentes, anéis, brincos, braceletes feitos de ouro, âmbar e dentes de javali. Provavelmente uma sacerdotisa, tinha entre 30 e 40 anos. A outra, com adornos mais simples, feitos de bronze, aparentemente era sua serva. “A descoberta dessa preciosa sepultura é um elemento chave para entendermos a cronologia da Antiga Idade do Ferro”, diz o arqueólogo Dirk Krausse, no artigo sobre a escavação publicado na edição de fevereiro do periódico científico “Antiquity”.

JOIAS Além de ouro, foram usados materiais como âmbar e dentes de javali
JOIAS Além de ouro, foram usados materiais como âmbar e dentes de javali

A dama dos cavalos

As escavações no complexo arqueológico onde o material estava começaram na década de 1950, mas foi só em 2005 que um estudioso descobriu a nova tumba, ao encontrar um broche dourado. Em 2010, foi montada uma operação que retirou, com guindastes, 80 toneladas de solo. O conteúdo foi analisado em laboratório. A datação de pedaços de madeira do sepulcro mostra que as duas mulheres foram enterradas em 583 a.C. Elas fizeram parte de um povo da chamada cultura de Hallstatt. A nobre provavelmente possuía alguma ligação, ainda misteriosa, com cavalos, já que vários equipamentos equestres foram achados junto com o corpo.