Nesta segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro qualificou de “grande problema” as manifestações contra o seu governo que ocorreram no fim de semana. “Estão começando a colocar as mangas de fora”, afirmou pela manhã, diante do Palácio da Alvorada.

Foi o máximo que ele pôde dizer. Com exceção de um incidente no fim do evento em São Paulo, que envolveu um grupo ínfimo de pessoas e nenhuma quebradeira, tudo transcorreu em paz nas 20 capitais que registraram movimentos neste domingo. Como não houve espaço para a violência, também não houve oportunidade para o presidente mobilizar o batalhão de xingamentos da sexta-feira, quando chamou seus opositores de “terroristas” e “maconheiros”.

Como escrevi neste espaço, acredito que este não é o momento ideal para manifestações. Primeiro, por causa do distanciamento social exigido pela epidemia de coronavírus. Em segundo lugar, porque a quarentena torna improvável que muita gente saia de casa. Manifestações pequenas podem ser mais facilmente rotuladas de “pura baderna” caso algo ruim ocorra. É impossível fazer isso quando famílias inteiras estão caminhando juntas, como o Brasil já viu acontecer.

Mas não vou criticar quem decidiu ir às manifestações. Na mesma semana em que começaram a circular diversos manifestos pregando a união em torno de um núcleo de valores democráticos, o gesto ajudou a mostrar que não haverá complacência com as teses extremadas do bolsonarismo. Mais que apenas pessoas na rua, este é o “grande problema” para Bolsonaro.