A China enfrenta pela primeira vez aqueles que são os dois maiores problemas do Capitalismo de Mercado: o egoísmo individual e o envelhecimento global.

Mas como a República Popular da China não é uma democracia, rapidamente seus dirigentes tomaram medidas corretivas e, em menos de 20 dias, uma inesperada decisão do partido comunista chinês vai colocar no mundo, a cada novo ano, mais uns 300 milhões de chineses. Será que o Planeta aguenta?

A história começa assim. A agência chinesa de notícias Xinhua, relatando as conclusões de uma reunião do gabinete político do Partido Comunista, comandada pelo próprio líder Xi Jinping, determinou que “em resposta ao envelhecimento da população os casais serão agora “autorizados” a ter três filhos (e não apenas dois).

Os resultados do censo realizado em 2020, revelados no dia 11 de maio, mostraram um envelhecimento mais rápido que o esperado da população e — simultaneamente — o menor crescimento populacional desde a revolução cultural de Mao Tsé Tung. Os números não enganam: em 2019 a taxa de natalidade foi de 10,5 crianças por cada mil habitantes, a menor desde a fundação da China comunista, em 1949.

No meio do século XX a estrutura da população chinesa mudou por conta de uma purga comunista; agora, e sem qualquer ironia histórica, ela muda de novo, mas por uma causa capitalista.

Existe, no entanto, uma diferença substantiva entre os dois momentos históricos, o genocídio do “Grande Salto em Frente” dizia respeito apenas aos Chineses, este antônimo de genocídio vai impactar todo o planeta. Mas se o “Grande Salto em Frente” resultou em dezenas de milhões de mortes — entre 15 e 56 — dependendo das fontes; o plano do terceiro filho vai causar um “Enorme Pulo a Marte”.

Contas rápidas, o aumento — por decreto e em 50% — do número de nascimentos da população do maior país do mundo, vai obrigar a que os recursos do planeta tenham de atender mais uns 300 milhões de Chineses — por ano — a partir de 2023.

À primeira vista alimentar e fornecer energia a toda esta gente pode até ser bom para o agronegócio brasileiro, mas vai ter mais impacto na geopolítica global do que uma III Guerra mundial. Ou será que este “baby boom” é a nova estratégia da China para dominar o mundo?