O ambiente do bar sempre foi marcado pelo consumo de cerveja e por discussões de temas políticos e do cotidiano. A novidade agora é que o ato de beber e a conversa de botequim se misturaram e as “geladas” passaram a ser envelopadas com a ideologia dos clientes. No Brasil, onde a polarização política cresce e o consumo de cerveja artesanal atrai cada vez mais entusiastas, algumas empresas estão apostando em figuras públicas para conquistar mais consumidores.

É o caso da “Mito Lager”, fabricada pela cervejaria Vapor Negro, no Rio Grande do Sul. O sócio-proprietário da cervejaria, Adriano Lazzari de Oliveira, conta que o rótulo surgiu com um pedido de Flávio Bolsonaro perto da eleição, e que o sucesso foi quase imediato. O grupo chegou a vender em média 180 garrafas por dia pela internet em outubro de 2018. Ela é feita em três cores: a lager, com coloração parecida com as cervejas convencionais, a red ale, que é avermelhada e a schwartz, escura. O baixo teor alcoólico (3,5%) é para conquistar todo tipo de consumidor. Do outro lado do espectro político cervejeiro, está o rótulo “Lula Livre”, fabricada pela Rock N’ Brau, do Rio de Janeiro.

A cervejaria é engajada em movimentos políticos desde a concepção. Diogo Cavalheiro, sócio-proprietário da Rock N´Brau atribui ao aumento do poder aquisitivo nos governos de Lula a responsabilidade pela difusão das microcervejarias. O rótulo que homenageia o ex-presidente tem as versões lager e red ale, com alta dosagem de lúpulo e sabor caramelizado.

Consumo em alta

Cavalheiro afirma que desde que Lula foi solto, a procura pela cerveja aumentou. Ele costuma vender para bares engajados com a militância, já que nos convencionais os donos preferem não se envolver com política. “Quando uma pessoa vê um rótulo que a representa politicamente, há uma identificação grande”, diz. A “Mito Lager” é vendida majoritariamente em empórios e estabelecimentos frequentados por turistas e muitos compram para fazer uma brincadeira. “Minha irmã disse que esse rótulo ela não bebe”, brinca Lazzari. Ao menos no bar, a política pode ser acompanhada de algum bom humor.

Divulgação