Em 2013, o governo do Irã anunciou a paralisação do seu programa nuclear militar, também chamado de Amad Plan. Israel desconfia que o regime de Teerã prosseguiu secretamente com o projeto, embora as missões da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) ao país, que continuaram até 2018, não tenham encontrado nenhum sinal do Amad Plan. É provável que a suspeita israelense seja corroborada por informações classificadas.

O ex-presidente americano Donald Trump decidiu, unilateralmente, abandonar em 2018 o pacto das seis potências com o Irã. O pacto garantia inspeções regulares da AIEA e uma supervisão do enriquecimento de urânio iraniano nas usinas de Natanz e Busher. Mesmo com os seus defeitos, o acordo nuclear tinha vantagens evidentes, ao colocar sob a supervisão internacional o programa atômico iraniano. Pode ser que o objetivo do regime dos aiatolás seja apenas a geração de eletricidade e o uso da energia nuclear para finalidades médicas e industriais; mas bem pode ser que o enigmático governo xiita esteja construindo uma bomba atômica.

Se o Irã enriquecer urânio acima de 80% e fabricar a sua bomba, certamente seus vizinhos mais belicosos, como a Arábia Saudita e a Turquia, planejarão as suas próprias. Por isso, é urgente que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e a União Europeia negociem a retomada do acordo nuclear com o Irã, no âmbito da AIEA.

Certamente, o presidente-eleito do Irã, Ebrahim Raisi, deseja a volta ao acordo e a retirada das sanções econômicas ao seu país. O acordo nuclear com o Irã, um dos trunfos do ex-presidente americano Barack Obama, foi sabotado por Trump, cuja trajetória irracional e apolítica no cenário internacional minaram a imagem americana. Que Biden tente recuperar esta imagem desgastada pelo desastroso governo Trump é uma boa notícia. A retomada do acordo nuclear com o Irã é uma correção de rumo urgente.