O tal do Metaverso não existe — e o que existe não se chama assim. Chamá-lo de Metaverso é uma simplificação de linguagem que algumas fraquíssimas mentes marqueteiras julgaram necessária para vencer a alegada preguiça monossilábica dos atuais consumidores do crytpo capitalismo blockchêiníco.

Se a gente não tomar cuidado com elas, um destes dias “significante” e “significado” vão virar o “sig & signi” da “tia Gram”. Como se fossem uma dupla de sertanejo, mas sem qualquer parentesco gramatical. Tá ligado?

Tá bom que palavras curtas é bacana. Mas não é “bâ”, nem “ban”, nem “Ana”, nem “anã” e nem “metabacana”. Se o tal do metaverso existisse, semanticamente ele significaria o que está além do verso. Todo o conteúdo produzido no ato enunciativo que não é explicito, cujo conteúdo lhe é exterior e dispensável na compreensão do seu significado ilocutivo..

É o que acontece com o “meta texto”: ele contribui para o contexto do texto mas não lhe pertence; e porque assim é não vem diretamente explicitado nele. Exatamente o mesmo acontece com o tal do Metaverso. Ele não é o anverso, nem o reverso, nem o pluriverso e nem o universo.

O metaverso compara com “universo” como metafísica compara com “ísica”, ou metáfora com  “ora”.  Ou seja: dizer (e escrever) Metaverso é no mínimo uma aliteração preguiçosa. Porque na prática é um erro que confunde no entendimento das pessoas para um conceito verdadeiramente simples. Entendeu?

O Metauniverso – aquilo de que todos falam quando dizem Metaverso — é “o que está além do Universo” e não “além do verso”.

O Metauniverso é que é aquele o tal do mundo virtual que acontece na internet, incorporando experiências de realidade aumentada e realidade virtual, avatares halográficos em três dimensões, vídeo de alta definição e outros meios e estilos de comunicação que podem atingir os todos sentidos que não apenas a visão e audição.

À medida que a tecnologia se for adaptando à universalidade da tecnologia “5G” — a verdadeira mãe da internet das coisas e da inteligência artificial e de tudo o que para aí vem revolucionar a vida da gente quando a China e os Estados Unidos se entenderem — o  Metauniverso irá se expandir e oferecer aos seus utilizadores um mundo alternativo e hiper-real, mas que afinal de contas, do ponto de vista conceptual, não será muito diferente daquele jogo antigo chamado “second life”.

Lembra-se? Foi criado em 2003 – há quase 20 anos — é já se anunciava como um simulador de vida, onde os jogadores participavam, convivendo num mundo aberto em que o objetivo era viver o mais livremente possível. Mas já então o Second Life, prevendo o futuro, utilizava as  — então ainda muito incipientes — plataformas de comércio eletrónico como principal modelo de negócio.

Como falamos de uma cópia, Metaverso serve. Quando chegar o original, falamos de novo.