O significado da palavra taekwondo quer dizer o “caminho dos pés, das mãos e do espírito”. Surgido no continente asiático por volta do século VII d.C.,  a arte marcial ganhou status oficial de esportes em meados do século passado, mas só estreou nos Jogos Olímpicos em Sidney em 2000. Antes disso, a modalidade cumpriu a exigência de ser “esporte demonstrativo” nos Jogos de Seul, em 1988, e Barcelona, em 2002. Na história olímpica, o Brasil conquistou duas medalhas de bronze, com Natália Falavigna, em Pequim 2008, na categoria +67kg, e Maicon Andrade, na categoria +80kg nos Jogos da Rio 2016. “O Brasil vem pontuando em várias competições internacionais. A nossa chance de ir à próxima Olimpíada é muito grande”, avalia Reginaldo dos Santos, técnico da Seleção Brasileira. “Temos vários atletas entre os melhores do mundo”, conclui.

Por ser o País-sede, o Japão tem quatro vagas garantidas nos jogos de Tóquio do próximo ano, que terão 128 atletas, com 64 no masculino e 64 no feminino. Cada gênero terá quatro categorias em ação, com 16 atletas em cada uma. No feminino, serão representados os pesos de 49kg, 57 kg, 67kg e +67kg. No masculino, os atletas disputarão nas categorias 58kg, 68, 80kg e acima de 80kg.

O ranking olímpico para a modalidade será anunciado nos próximos dias pela WTC. “Estamos muito focados nos treinos e vamos tentar agarrar essa chance. É o grande sonho de qualquer atleta”, analisa Ícaro Miguel, uma das mais novas estrelas brasileira no esporte. Mineiro da cidade de Betim, Ítalo vê como o principal desafio do esporte no Brasil a falta de patrocínio. “As pontuações se dão em disputas internacionais e os recursos são escassos para viagens”, afirma ele, que ocupa o 8º lugar no ranking mundial na categoria abaixo de 87kg. “Tive que vender rifas para conseguir ir à China em dezembro passado para participar da maior evento do esporte, Grand Slan Champions, em que fui o primeiro brasileiro a chegar lá”, diz Ícaro.

O lutador não está blefando. O Brasil, de fato, não dá o apoio necessário aos atletas de modalidades pouco badaladas. No caso do Taekwondo, os atletas têm que se esforçar fora do tatame para conseguir viabilizar a carreira. Um oásis em meio ao abandono é a equipe do Two Brothers Team São Caetano. Com mais de 400 medalhas conquistadas, entre elas a Olímpica, o time paulista é a maior equipe nacional de taekwondo e serve de base da Seleção Brasileira. Ícaro e sua namorada Raiany Pereira, também lutadora de São Caetano e uma das cem melhores lutadoras do mundo, vivem agitando o mundo virtual com vaquinhas e venda de rifas para conseguir participar de torneios mundiais. “Muitas pessoas não acham que ser atleta de taekwondo é profissão. Isso prejudica, pois contribui para a falta de patrocínio”, avalia Raiany. “É muito difícil ser profissional de taekwondo no Brasil”, afirma Milena Titoneli, -67kg, outra grande esperanças do país para ir à Olimpíada de Tóquio 2020. A luta dos competidores sendo traduzida na sua mais ampla forma, com os pés, as mãos e o espírito de guerreiros.