Meio californiano, meio islandês, como ele mesmo se define, o psicólogo e pesquisador de inovação Samuel West encontrou em Helsingborg, na Suécia, o local ideal para colocar em prática uma ideia bem original: a criação de um “Museu do Fracasso”. Ironicamente, o projeto foi um sucesso.

Foi tão bem que abriu caminho para uma exposição itinerante, que já passou por Saint-Étienne, na França, Xangai, na China, e cidades americanas como Los Angeles e Minneapolis. Chegou agora em Nova York, onde fica em cartaz até 18 de junho, no hub Industry City do Brooklyn.

Pelo local ecoam as risadas dos visitantes diante de 130 produtos que, a partir dos anos 1950, exigiram altos investimentos para serem confeccionados, mas se mostraram vexame assim que foram lançados, sendo rapidamente retirados das lojas.

Agora, pela primeira vez, uma pessoa entra para a galeria do Museu do Fracasso: é o milionário Elon Musk, que ganhou a homenagem após a explosão, em abril, do foguete de sua companhia, a SpaceX, anunciado como uma grande maravilha da tecnologia. Não foi a única razão para estar no museu: o empresário megalomaníaco tem em seu currículo outros 13 produtos “micados”.

Ideias e criações são necessárias para a evolução da humanidade, mas no caminho de tentativas e erros muito se perde com fracassos de autores que consideravam suas inspirações como “geniais”.

O progresso depende do fracasso

Para Samuel West, o intuito de reunir em um mesmo lugar esses produtos rejeitados pelo público não era humilhar os inventores por trás delas. Para o psicólogo, não há problema em cometer deslizes — até porque as tentativas de inovação sempre encontram obstáculos antes de chegarem à solução adequada —, mas é preciso aprender com os erros.

“Quero que os visitantes reconheçam que o fracasso é essencial para o progresso”, destacou, em entrevista ao site The Bulletin of the Atomic Scientists.

O segredo do sucesso do Museu do Fracasso é o bom humor e a boa quantidade de risadas que provoca em seus frequentadores. É impossível não reagir com um sorriso diante de uma série de “ideias brilhantes”, como a do taco de golfe que traz um compartimento para o jogador fazer xixi nos intervalos da partida.

E quem se submeteria a choques elétricos no rosto, proporcionados por uma máscara horrorosa que promete rejuvenescimento facial? Fato é que, depois de pesquisas realizadas com possíveis clientes, produtos como esses são rapidamente retirados de prateleiras e esquecidos.

Acontece até com algumas das maiores empresas do mundo: quem apostaria no êxito de uma Coca-Cola… transparente? Ou alguém ficaria tentado a experimentar uma lasanha lançada pela Colgate, conhecida por suas pastas de dentes? E que tal um ketchup verde ou azul, em vez do tradicional vermelho?

O fundador do museu reservou uma área especial para imagens de um caso grandioso. O navio sueco Vasa, com 69 metros de comprimento, demorou dois anos para ser construído, entre 1626 e 168. A imponente embarcação foi projetada para levar 145 marinheiros e 300 soldados, mas foi um desastre: não chegou sequer a navegar uma milha na viagem inaugural antes de ir a pique.

Recuperado após quatro séculos, está ancorado em Estocolmo. O fiasco de proporções gigantescas é a peça favorita de Samuel West.

O sucesso do fiasco: conheça o Museu do Fracasso
Samuel West, que criou o Museu do Fracasso: sucesso inesperado (Divulgação) (Crédito:ROBYN BECK)