Zélia Duncan começou a carreira aos 16 anos, vencendo um concurso em Brasília cujo prêmio era fazer quatro shows acompanhada por músicos profissionais. O repertório era ambicioso: a jovem cantora arriscava clássicos de Milton Nascimento, Elis Regina e Rita Lee. Hoje, 40 anos e 15 álbuns depois, ela já possui sua própria coleção de sucessos – e nem o coronavírus a impede de realizar novas criações. O resultado é o belo “Pelespírito”, álbum “composto no isolamento e pelo whatsapp”, que ela lança com uma live em 19 de junho. “Quando começou a pandemia, saí do Rio e me instalei em São Paulo para ficar com minha namorada. Sem shows e presa em casa, senti a pele desgastar enquanto o espírito tentava manter a leveza, sem sucesso”, diz ela. Zélia conta que as letras saíram de uma troca de mensagens com o parceiro Juliano Holanda. A partir daí, ela teve de se virar sozinha para registrar as músicas em seu estúdio caseiro: “Instalaram um software no meu laptop para que eu pudesse gravar a minha própria voz. Essas canções nasceram como um espasmo.” O resultado é um dos discos mais intimistas e reflexivos de sua carreira, uma série de lindas e tristes canções inspiradas por uma época que a jovem cantora de Brasília jamais gostaria de ter vivido.

Por trás de cinco canções

“Onde é que Isso vai dar?”
Uma criação feita a partir de mensagens. O Juliano me mandava uma frase, eu devolvia outra. Adoro seus desafios e provocações.

“Nossas Coisinhas”
É uma canção tão pessoal que isso a torna universal. Fiz para a Flavia, minha companheira.

“Sua Cara”
Inspirada pelo meu pai, a quem perdi em dezembro de 2020. É um momento bem emocionante para mim.

“Você Rainha”
A letra é sobre as mulheres que sofrem violência na pandemia – para as que morreram ou estão trancadas com seus algozes.

“Vai Melhorar”
É a última por motivos óbvios. É o que a gente deseja, o que a gente espera.