A 17 meses das eleições presidenciais de 2022, obviamente que ainda é muito cedo para afirmar que a disputa ficará entre Lula e Bolsonaro, como indicam as pesquisas até aqui. Mas, se esse cenário se consolidar até outubro do ano que vem, os brasileiros viverão um dilema. Terão que optar entre um candidato acusado de corrupção, e que é o favorito até aqui, e outro suspeito de ter contribuído para a morte de milhares de vítimas da Covid. Será a escolha de Sofia eleitoral.

É bem verdade que Lula teve anuladas as sentenças da Lava Jato, mas isso não significa que ele foi inocentado, como os próprios ministros do STF já afirmaram. A Justiça apenas considerou que ele foi julgado em um foro incompetente (Curitiba), quando deveria ter sido julgado em Brasília, mas as ilegalidades que ele teria cometido continuam válidas para futuros julgamentos. Mesmo que ele não seja submetido a novo veredito judicial até as eleições, as acusações de corrupção são substanciais e dificilmente serão apagadas da memória dos eleitores. Fatalmente sua prisão por corrupção será explorada eleitoralmente.

Já Bolsonaro está cada vez mais enredado em acusações que o colocam como o principal culpado pelo Brasil ter chegado à triste marca de quase meio milhão de mortos pelo coronavírus. Há os que o chamam de genocida. A sua responsabilidade pelo agravamento da pandemia, tanto por negligência como por omissão, está sendo fartamente comprovada na CPI da Covid. Dificilmente conseguirá apagar da memória dos brasileiros ter sido ele o timoneiro do maior caos sanitário da história do País. Certamente o capitão ficará sangrando até as eleições, pois à esquerda e ao PT não interessa um processo de impeachment. Entendem ser muito melhor que ele siga cambaleante até as eleições.

Diante desse quadro sombrio, a expectativa de pelo menos um terço dos eleitores é que surja uma alternativa entre esses dois caminhos, alguém da chamada terceira via, um nome que não tenha um passado comprometido com práticas pouco republicanas e que também que não seja negacionista e com clara tendência antidemocrática e totalitária. Se um candidato com esse perfil não se consolidar, o Brasil terá que escolher entre o que for menos pior para o futuro de uma população que muito tem sofrido nos últimos anos. Será essa a sina do Brasil?