Quando Capitão Nascimento, do filme Tropa de Elite, o personagem interpretado por Wagner Moura disse ‘o sistema é foda, parceiro’, ele não estava brincando. O ‘sistema’, além de foda, é como Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, em relação às mortes por Covid: implacavelmente cruel e insensível.

O ‘sistema’ não perdoa, nem alivia. Para ele, não há crise econômica, política, epidemia ou tempo ruim. Dando praia ou não, lá estará destruindo o presente e o futuro do País, como tão bem já destruiu o passado. Para quem, da minha geração, acreditou nos pais e avós – ‘o Brasil é o país do futuro’ – o dia de ontem, quinta-feira, 24 de junho, pode ser considerado como a ‘pá de cal’.

Simultaneamente tivemos: o governo do homicida psicopata, que agora tira máscara até de criança de colo, comprando vacina com 1.000% de sobrepreço; o Congresso Nacional, onde 2/3 dos parlamentares respondem a processos judiciais, enterrando a Lei da Ficha Limpa, como já enterraram a Lei de Combate à Corrupção idealizada por Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato de Curitiba; e por último, mas não menos importante, ou melhor, asqueroso, Gilmar Mendes – sempre ele! – monocraticamente estendendo os efeitos da tal ‘suspeição do Moro’ para os demais processos a que responde o meliante de São Bernardo, Lula da Silva.

Traduzindo em miúdos: o devoto da cloroquina e maníaco do tratamento precoce, Jair Bolsonaro, não comprou a melhor vacina do mundo – a da Pfizer – antes mesmo dos Estados Unidos, e pela metade do preço, pois para ele, naquela ignorância tão vasta e profunda como a maior fossa abissal da Terra, poderia nos transformar em jacarés. Na melhor das hipóteses, fazer homem falar fino e nascer barba em mulher. Mas correu para comprar um imunizante indiano, sem aprovação da Anvisa, através de um intermediário suspeito, em tempo recorde, com a ajuda de seu líder de governo na Câmara, Ricardo Bastos, que apresentou uma emenda a uma MP, por um valor 20 maior do que o da fabricante, e 30% a 40% maior que o valor das demais vacinas de mercado.

Continuando: os senhores congressistas picaretas e simpatizantes, com a diminuta resistência daqueles dignos dos votos e dos mandatos, decapitaram, literalmente, a Lei da Ficha Limpa – lei de iniciativa popular em vigor desde 2010 – que agora permitirá a um, sei lá, prefeito ou governador corrupto e/ou ímprobo, com contas rejeitadas por órgãos de controle como os tribunais de contas dos estados e municípios, disputar normalmente as eleições e ocupar, livre, leve e solto, qualquer cargo público.

E finalmente: segundo Gilmar Mendes, a decisão que declarou o ex-juiz federal Sergio Moro suspeito no julgamento do caso do Tríplex de Guarujá, vale também para as demais ações a que responde o ex-tudo (ex-presidiário, ex-corrupto e ex-lavador de dinheiro, Lula da Silva). Só faltou o Gilmar dizer: ‘se espirrar, saúde, Lula!’, e fazer coraçãozinho com os dedos das mãos. Em breve, corremos o risco de o STF – Superior Tribunal Eleitoral mandar devolver todo o dinheiro recuperado pela Lava Jato aos réus confessos.

Unidos, os Poderes executivo, legislativo e judiciário, com o compadrio de agentes privados criminosos, formam o ‘sistema’. Há décadas, senão séculos, governa o País com mão-de-ferro, impedindo a renovação sadia de servidores públicos jovens, honestos, preparados e dispostos a mudar os rumos da nação. A cada eleição, o ‘sistema’ se protege, se fecha e se perpetua. E nós, os escravos otários que pagam – desculpem!! – essa merda toda, continuaremos mentindo para os nossos filhos e netos, dizendo-lhes: ‘o Brasil é o país do futuro’. Fui.