Depois de ensaiar uma ruptura institucional e de divulgar sua carta à Nação, o presidente Jair Bolsonaro entregou-se ao silêncio. Pela primeira vez em muito tempo experimentamos o prazer de vê-lo calado. E Bolsonaro calado é um poeta. Faz um enorme bem à saúde não ouvir suas palavras por alguns dias. Causa um efeito imediato de paz e tranquilidade, além de preencher uma lacuna de infelicidade e tornar as pessoas melhores.

Conseguimos ver claramente que a causa de nossos problemas ou pelo menos da intensificação das crises que vivemos está diretamente associada à repetição constante de bizarrices pelo presidente. Se ele não fala, a República se acalma, o País fica mais democrático, as minorias são preservadas e a vacinação flui. Combinando o cargo presidencial com o papel de agitador permanente, Bolsonaro virou um estorvo para o País, o chato número 1 da Nação.

Embora seus seguidores tenham ficado desolados com o recuo do líder, se Bolsonaro não existisse ou ficasse sempre calado o Brasil seria um país melhor. Quem sabe ele decida, de uma vez por todas, falar menos e poupar os brasileiros de suas palavras vazias. A guilhotina do impeachment está armada. Sua situação já é complicada e cada vez que ele emite uma opinião piora ainda mais. Seu enfrentamento com o STF, sua vontade golpista, suas chacotas com a morte de mais de 580 mil brasileiros são lixos discursivos que só jogam as pessoas para uma zona de intranqüilidade. O que os bolsonaristas querem é alimentar o artificialismo dos debates propostos pelo presidente, que se resumem a fake news e a declarações ofensivas contra seus desafetos.

É claro que, infelizmente, Bolsonaro voltará a disparar barbaridades. Não podemos ter ilusões. Ele é um falador incontrolável e sofre de incontinência verbal. É também um golpista compulsivo que acha que o Brasil deve embarcar nos seus delírios autoritários. E há os malucos que o seguem, que dão moral para o déspota. Mas devemos aproveitar bem esse tempo de descanso e lembrar que o Brasil pode ser um lugar melhor. É muito bom acordar e não ouvir a última tolice de Bolsonaro, esquecer de sua existência. Viva seu silêncio momentâneo!