Ao Brasil, os brasileiros. Aos brasileiros, aquilo que merecem. Após eleger Collor, Lula (duas vezes), Dilma (duas vezes) e Jair Bolsonaro, o tal povo não pode se queixar do país que tem, após 35 anos de redemocratização. E só não é muito pior graças ao “soluço” FHC, que com erros e acertos – muito mais acertos que erros – fundou as bases para uma economia quase de mercado e um ambiente econômico interno ligeiramente parecido com algo normal.

Collor, Lula e Bolsonaro formam um trio insuperável nos quesitos ignorância, truculência e obsessão pelo poder. Toscos e sem predicados mínimos a um chefe de nação, restou-lhes – e resta, no caso do mito – o confronto e o populismo como forma de governo. Afinal, o que mais teriam (e têm) a oferecer, senão mentiras, mistificação e um patriotismo tão falso quanto nota de três reais? No caso de Lula, há que se lembrar, houve também cleptocracia generalizada.

Dilma Rousseff, tadinha, sofria de algo muito mais sério. Não sou médico e não vou arriscar o diagnóstico, mas era nítida a incapacidade de interlocução com a realidade e com as pessoas ao seu redor. Para piorar, não teve forças – ou caráter – para frear a corrupção que a quadrilha petista implementou, tampouco sabedoria para não cair na esparrela do ‘desenvolvimentismo’ progressista, que aniquilou de vez a combalida economia nacional herdada do criador Lula.

Nomes como Serra, Alckmin, Amoêdo e Meirelles – todos com méritos e deméritos, é claro – foram, eleição após eleição, solenemente ignorados pelos eleitores. Uns eram antipáticos, outros não sabiam sorrir, e outros, ainda, não se faziam compreender. Foram preteridos por personagens simpáticas e, como é mesmo?, do povo. “Gente como a gente”. Capacidade e outros predicados que se danem! O importante é ser pai/mãe dos pobres ou mesmo mito.

Essa quase interminável digressão serve para falar de dois agentes políticos que, hoje, são praticamente exceção no universo da administração pública; seja pelos feitos e realizações, seja pelo histórico de vida de ambos. Me refiro à dupla Doria e Meirelles, que conseguiram, em pleno ano de pandemia, fazer o estado de São Paulo crescer (cerca de 0.5%) diante do naufrágio do País (- 4%). A máxima, “quanto maior a altura, maior o tombo”, não vingou aqui.

João Doria é o responsável direto pela única vacina em uso no Brasil. Isso não é história, não é torcida, é fato! Não fosse o governador de SP, estaríamos à mercê da dupla desastrosa que comanda o País no tema: Bolsonaro e Pazuello. E, ao invés de parabenizá-lo e agradecê-lo, o presidente convence seus apoiadores fanáticos a demonizarem e a ofenderem aquele que fez o que deveria ter sido feito por si próprio e por seu péssimo time de (des)governo federal.

Já Henrique Meirelles, de quem sou fã declarado – e eleitor fiel – simplesmente salvou o Brasil em pelo menos duas oportunidades recentes: uma com Lula e outra com Temer. Hoje pilota o estado mais rico e poderoso do País. Uma espécie de nação, com 45 milhões de habitantes e um PIB de estupendos 600 bilhões de dólares (32% de todo o Brasil). Mas Henrique Meirelles não serve para os brasileiros; ele é muito sisudo e nos dá sono quando fala. Sem chance, né!

Doria, Meirelles e São Paulo são exemplos do Brasil que dá certo; do Brasil que sempre deu certo! Talvez, por isso, personagens e estados assim despertem tanta ira, revolta e críticas dos Bolsonaros da vida. Quando inveja e sentimento de inferioridade não são bem resolvidos internamente, transformam-se em puros ódio e preconceito, combustíveis fartos e baratos aos populistas e incapazes de plantão, lamentavelmente compartilhados por milhões de eleitores.