Estamos a um mês da celebração dos 200 anos de Independência do Brasil e em qualquer País do mundo já estariam sendo organizados – e divulgados – grandes festejos de comemoração. No entanto, aqui, em terra tupiniquim, está cada vez mais difícil entender a nossa civilidade e o rumo que a nossa pátria mãe gentil está tomando. Enquanto jornalistas, não temos tido opção. Estamos rendidos, porque nosso trabalho é mostrar os fatos e, infelizmente, temos que noticiar incansavelmente os impropérios negacionistas de um presidente que beira a senilidade e desvirtua uma data cívica, convocando seus fiéis para manifestações antidemocráticas e contra o sistema eleitoral que acontecerão no Sete de Setembro!

Cadê as grandes festividades pela passagem da data? Até agora, só o que se sabe é que o Museu do Ipiranga, em São Paulo, será reinaugurado e que o presidente quer colocar o Exército na rua para demonstrar o seu poder de fogo.

O bicentenário da Independência é o tipo de assunto que deveria estar sendo explorado desde o início do ano, ou celebrado com entusiasmo, a exemplo dos EUA, com seu 4 de julho, ou da França, em 14 de julho.

As festividades em torno da Independência do Brasil marcam o nosso calendário desde os anos imediatamente posteriores ao de Setembro de 1822. Essa comemoração está diretamente relacionada com a construção e manutenção de símbolos para a formação de uma identidade nacional. Mas, a sensação é que nossa identidade está se perdendo. Incentivados por um presidente mórbido, estamos deixando de incentivar as crianças a ter civilidade e o amor por seu País.

Como disse Edmund Burke: Um povo que não conhece sua História está fadado a repeti-la. O dia Sete de Setembro é mais do que uma simples data para nós, brasileiros, ele simboliza o início da liberdade de uma pátria, mesmo que o brado de D. Pedro I, às margens do Ipiranga, tenha sido feita de forma questionável; o que se destaca é a história de dominação e controle de uma nação, que por fim ganhou sua independência. Assim, celebrar esta data é de grande relevância para que possamos refletir sobre a nossa própria história.

Ao longo das décadas, desde aquele longínquo 1822, muita coisa aconteceu no Brasil. Mas, o que fica é que como uma nação autônoma, e apesar de todos os obstáculos vencidos, construímos uma identidade alegre, forte, vibrante e lutadora, reconhecida mundo afora. Conquistamos nossa democracia! Ensinar crianças e jovens a valorizarem esse dia é mais um passo para um futuro harmonioso e com menos problemas sociais.

O Dia da Independência foi um ponto de partida para algo muito maior, para uma democracia que necessita ser cada vez mais justa e cada vez mais respeitada, para uma liberdade não só de um povo, mas liberdade de expressão e de pensamento. Precisamos passar bons ensinamentos adiante, contar nossa própria história, reforçar a nossa cultura e fazer da nossa nação uma nação consciente e inspiradora. Triste destino da nossa nação, que não valoriza suas raízes, sua história e sim a desvirtua, transformando uma data comemorativa tão expressiva, em palanque ameaçador de um golpe!