Há três dias que o senhor não fala, General. Há três dias que o seu Twitter está mudo. Mas eu sei que Hamilton Mourão acredita que entre os deveres do Exército Brasileiro está a garantia do funcionamento das instituições e da lei e da ordem (como o senhor falou em setembro de 2017).

Sei que o senhor sabe General, que entre os deveres do Exército está garantir o funcionamento das instituições democráticas, que o senhor de sempre defende, quando algum bananinha agita “Atos Institucionais 5” cavilosos nas mídias sociais.

Sei que o senhor sabe que é um dever garantir a lei e a ordem, de que o povo vai precisar como nunca, nos dias assombrosos e medonhos que estão chegando aos lares das famílias brasileiras junto com medonho vírus corona.

Bem sei que o senhor é um militar conservador, que considera a ordem e a honra acima de todos os valores, mas é o medo que está lhe escrevendo esta carta General.

Porque o medo não pode ter lugar nesta equação. Porque no teatro da guerra o líder considera os inimigos e o perigo, mas nunca tem medo deles.

Sei que que desde os tempos da turma de 75 das Agulhas Negras, o senhor sabe que o protagonismo desnecessário é um inimigo a evitar e que a sua voz sempre se levantou contra a” incompetência, a má gestão e a corrupção”.

É o medo que lhe está escrevendo esta carta general, porque não consegue entender as atitudes do presidente. Porque não o encontra nesse ser errático e inconsequente que vai perdendo o amor do povo a cada novo panelaço.

Também não concordo com tudo o que o senhor já disse, General; que o Brilhante Ustra tenha sido um combatente terrorista e seu companheiro de armas; ele é — antes de mais — um símbolo de desunião para o Brasil.

Mas confio no senhor quando diz que o “regime que nós vivemos” é (de novo) frágil, “e a moral e as virtudes foram enxovalhadas. As pessoas entram na política não para servir, mas para se servir! “.  Sei que você sabe General “que se não mudarmos a moral do nosso regime, o nosso país não vai ter futuro”.

É o medo que está lhe escrevendo esta carta, General. O medo que existia no olhar apavorado do presidente Bolsonaro na última coletiva de imprensa no dia 18.

Um líder não pode ter medo, General. Como disse (outro) presidente americano que vale a pena recordar — Franklin Delano Roosevelt — “A única coisa da qual devemos ter medo é do próprio medo “.

E ele está com medo General!